FGV prevê desaceleração dos alimentos no IPC-S

O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirmou hoje que o grupo Alimentação deve encerrar o mês de janeiro em desaceleração no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S). Na terceira quadrissemana, os alimentos tiveram alta de 1,64%, ante 1,69% na quadrissemana anterior. De acordo com ele, a desaceleração, porém, tende a ser tímida por conta da pressão dos alimentos in natura e deve ser puxada pelos alimentos industrializados, que funcionaram como âncora, com destaque para carne (baixa de 0,66%). Já grupos como Transportes e Educação, Leitura e Recreação devem encerrar o mês em alta.

Os alimentos in natura alcançaram uma alta média de 10% na terceira quadrissemana o que, segundo Braz, não é raro, mas foi influenciada pelas chuvas. No Rio, por exemplo, a variação média dos in natura foi de 20%. Porém, o economista destacou que a alta dos alimentos in natura tem vida curta e não deve continuar em fevereiro.

O tomate foi um dos vilões do resultado da terceira quadrissemana, com aumento médio de 39,68% e contribuição de 0,12 ponto porcentual para o aumento do IPC-S. O indicador geral subiu 1,18% na terceira prévia do mês. A alface subiu 12,36%, a cebola avançou 11,45%, a cenoura teve alta de 33,57%, a abobrinha subiu 35,74% e o chuchu avançou 19,11%.

A partir de fevereiro, Braz acredita que tanto os alimentos in natura quanto os industrializados devem continuar em desaceleração. Porém, de acordo com ele, a desaceleração dos alimentos industrializados deve ser tímida, com mais força no fechamento de janeiro. “A partir de fevereiro, eu já não arriscaria tanto”, afirmou. Em relação aos alimentos in natura, a questão é que os problemas climáticos e as previsões de safras ruins no Brasil e no resto do mundo podem não garantir uma desaceleração por muitos meses.

A variação média das tarifas de ônibus foi de 4,36% na terceira quadrissemana e teve impacto de 0,18 ponto porcentual no índice. Na avaliação de Braz, o grupo Transportes deve encerrar o mês em alta, uma vez que os aumentos de ônibus ainda não foram plenamente captados pelo indicador.

Da mesma forma, o economista destaca que as mensalidades escolares devem continuar a pressionar a inflação até o fim do mês. “Os cursos subiram muito, com altas acima da inflação, e têm peso no orçamento familiar”, afirmou. Segundo Braz, porém, tanto as tarifas de ônibus quanto as mensalidades escolares devem ter impacto apenas no índice de janeiro. No caso do grupo Educação, Leitura e Recreação, ele prevê uma variação em fevereiro muito próxima de zero. “Mais de 95% dos reajustes nas mensalidades são captados em janeiro. Portanto, o que deve ocorrer neste grupo em fevereiro é desaceleração.”

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