FGV: núcleo no IPC-S de maio atinge 0,69% e índice de difusão cai a 68,24%

O núcleo do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) acelerou suavemente de abril para maio, ao passar de 0,68% para 0,69%, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV). No ano, o núcleo acumulou 3,60% e, nos últimos 12 meses, 6,96%.

Os resultados ficaram menores que os registrados no IPC-S do mês (0,72%), no ano (5,55%) e no acumulado de 12 meses terminados em maio (8,63%).

Para o cálculo do núcleo foram excluídos 41 dos 85 itens componentes do IPC-S. Destes 41, 21 apresentaram taxas abaixo de 0,18%, linha de corte inferior, e 20 registraram variações acima de 0,95%, linha de corte superior. Em relação a abril, as linhas de corte inferior e superior apresentaram decréscimo de 0,06 ponto porcentual e 0,02 ponto porcentual, respectivamente.

Difusão

Apesar do avanço do IPC-S entre abril e maio (de 0,61% para 0,72%), o índice de difusão, que mede o quanto a alta de preços está espalhada, atingiu 68,24% no quinto mês do ano. Em abril, o resultado do indicador de difusão foi de 69,23%.

De acordo com o coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, o índice de difusão não deve desacelerar tanto nos próximos meses. “Vai depender do comportamento do grupo Alimentação, que é o mais oneroso”, disse.

Pressão

A pressão maior que a prevista para os preços dos alimentos, dos administrados e do grupo serviços empurrou o IPC-S de maio para uma alta acima da prevista por Picchetti, de 0,50%. “O que frustrou as nossas expectativas foram esses três grupos”, disse Picchetti.

Em maio, o conjunto de preços de alimentos atingiu 0,82%, na comparação com 0,86% em abril, puxado especialmente pelo encarecimento de hortaliças e legumes, além das carnes bovinas. A moída, por exemplo, subiu 2,42%. Picchetti relembrou que no início de maio havia alguns movimentos distintos na classe de despesa de alimentos, com a queda de braço entre os preços das frutas, que estavam cedendo e os das hortaliças e legumes que estavam avançando. “Os preços das hortaliças e legumes (9,58%) mais que compensaram a queda das frutas (recuo de 5,86%)”, disse.

Além de o grupo Alimentação ter se mantido em nível elevado, o economista ressaltou que serviços e os preços de administrados, mais uma vez, surpreenderam. No caso dos administrados, houve novos reajustes de energia elétrica em algumas capitais do País e aumento de água e esgoto em outras, que apresentaram taxas de 2,07% e 1,34%, respectivamente. Os preços administrados passaram de 1,29% para 1,88%.

Já a alta de 1,15% do grupo Serviços, após 0,72%, foi a que mais surpreendeu Picchetti, já que, com a atividade mais fraca, o mercado de trabalho vem desacelerando e o rendimento dos trabalhadores diminuindo. “Imaginaria que já estaria atingindo a inflação de serviços. Se está chegando, está vindo muito lentamente”, afirmou.

Novamente, o economista disse que destaque do grupo foram os gastos em refeições em bares e restaurantes, que apresentou variação de 0,72% no quinto mês do ano. No entanto, ele ponderou que “todos” aqueles serviços que normalmente costumam pressionar o grupo continuaram em alt, como Serviços e reparos em automóveis, empregado doméstico e salão de beleza. “Há um movimento difuso”, contou.

Na opinião de Picchetti, a economia passa por uma fase de transição, já que ainda não está evidente o repasse da atividade enfraquecida para a inflação. “Há um movimento de pessoas sentindo que os preços estão aumentando e elas tentando se precaver contra isso. No entanto, ainda não deu tempo o suficiente para que isso fique muito claro, para que esses serviços tenham reajustes menores”, analisou. “A variação acumulada de serviços em 12 meses até maio está em 14%. Bem acima dos demais grupos, com exceção de administrados (26,25%)”, completou.

Câmbio

De acordo com o economista, a desaceleração dos preços comercializáveis e industrializados, que mais sentem os efeitos do câmbio, comprova que os impactos da depreciação cambial recente estão inferiores em relação a outros momentos de elevação do dólar em relação ao real.

Em maio, enquanto o IPC-S acelerou para 0,72% ante 0,61% em abril, os preços comercializáveis atingiram 0,31%, depois de 0,34%, e os industrializados tiveram alta de 0,33%, após 0,37%. “Estão muito bem comportados”, avaliou o economista.

Itens que normalmente sofrem as influências do câmbio, como televisores (-3,00%) e aparelhos de DVD (-1,36%) acumularam perdas no período, conforme a FGV. “Isso ilustra bem que o repasse do câmbio para os preços internos está muito diferente e muito menor que em outros períodos”, afirmou Picchetti.

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