Os reajustes em três preços administrados com grande peso no orçamento das famílias de baixa renda impulsionaram a inflação em abril. Medicamentos, tarifa de energia elétrica e tarifa de ônibus urbano fizeram com que o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1) chegasse a 1,05% no mês passado, contra 0,85% em março. Apesar disso, é esperado um arrefecimento no IPC-C1 em maio. O índice capta a inflação das famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos.

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“Ao longo deste mês, deve haver um efeito menor de medicamentos. A energia também deve pesar menos”, ressaltou o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). No caso das tarifas de ônibus, é possível que o aumento em Belo Horizonte entre no radar do indicador e pese na inflação.

“Os medicamentos respondem por 5% do índice, enquanto tarifas de ônibus urbano são 7%, e tarifa de energia elétrica pesa 3,5%”, disse Braz, numa aproximação dos porcentuais. “O índice acumulou alta de três administrativos potentes”, justificou.

Os medicamentos subiram 2,45% em abril, refletindo os reajustes concedidos pelo governo. Já as tarifas de energia elétrica avançaram 2,41% no mês passado, reflexo dos aumentos em Belo Horizonte, Salvador e Recife. No caso da tarifa de ônibus urbano, a alta foi de 0,80%, puxada pelo reajuste em Porto Alegre.

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“Esses gastos oneram mais o orçamento das famílias de baixa renda”, explicou Braz. No caso da energia elétrica, ele explica que esse preço administrado será uma pressão inflacionária constante ao longo deste e do próximo ano. “Não há como fugir. Os aumentos são permanentes, dificilmente revisados para baixo”, disse.

Alimentos

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Apesar de não terem sido um destaque de desaceleração, já que o grupo Alimentação passou de 1,85% para 1,69%, o viés para os alimentos é de baixa. Apesar de pães, óleos, carnes e leite ainda terem ganhado força em abril, Braz espera que esses alimentos desacelerem ao longo de maio, a exemplo do que já ocorreu com as hortaliças e legumes. “Vai ser o caminho inverso, vai desacelerar. Pode continuar com taxa positiva, mas sem ganhar força”, afirmou o economista. A sinalização é importante, já que o grupo compromete 30% do orçamento das famílias de baixa renda.

Em 12 meses, a inflação medida pelo IPC-C1 acumula alta de 5,57%, abaixo da taxa média de 6,36% apurada entre todas as famílias com renda entre 1 e 33 salários mínimos. A tendência, no entanto, é de que a diferença entre as duas fique cada vez menor, e ambas se posicionem ao redor de 6% anualizada. “Nesta época do ano passado, as taxas foram muito baixas”, explicou Braz.