A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) deve fechar julho com uma taxa de cerca de 0,30% – muito semelhante com a apurada em junho, que ficou em 0,33%. A informação foi dada nesta terça-feira, 01, pelo coordenador do IPC-S, o pesquisador Paulo Picchetti, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Será muito parecida com a de junho. Na parte dos administrados, já incorporamos os reajustes de energia (Copel e Eletropaulo), de pedágios e transportes interestaduais”, contou. Se a previsão for confirmada, mostrará um quadro diferente do observado em julho de 2013, quando houve deflação de 0,17%.
O índice ainda contará com o alívio do desconto de 30% na conta de água e esgoto concedido a consumidores de São Paulo que diminuírem o consumo. A FGV trabalha com uma variação negativa de 7,99% no subitem taxa de água e esgoto no IPC-S fechado de julho. “Mas o grupo Alimentação é que deve mover o resultado, especialmente os itens in natura”, disse.
A expectativa de Picchetti é que principalmente as hortaliças e legumes diminuam cada vez mais o ritmo de queda daqui para frente, permanecendo mais perto da estabilidade. “As carnes bovinas também devem subir mais”, acrescentou.
2014
Para o fechamento do ano, o economista da FGV mantém a previsão de 6,4% para o IPC-S. Apesar de o índice ter acelerado a 6,55% em 12 meses até junho e de a tendência ser de intensificação da taxa nos próximos meses, Picchetti acredita que há fatores que poderão levar o dado a encerrar 2014 abaixo do nível de 6,5%. Um dos motivos, disse, é que os efeitos da política monetária ainda não se refletiram de maneira total sobre os preços.
Outro ponto levantando por Picchetti e que poderá dar alívio ao IPC-S acumulado em 12 meses é a expectativa cada vez mais “evidente” de desaceleração do mercado de trabalho e que poderá refletir sobre os preços de serviços. “Esperamos uma reversão de tendências de serviços. Se o desaquecimento do mercado de trabalho se materializar sobre os serviços, poderemos ter ganhos reais menores”, explicou.
O terceiro fator citado pelo pesquisador da FGV é a deflação registrada nos índices gerais de preços (IGPs) há dois meses e que deve, segundo ele, se transferir para o varejo. “Tem esse movimento dos preços ao produtor que poderá beneficiar os bens finais ao consumidor nos próximos meses”, estimou, acrescentando que, se a estimativa de 0,30% para o IPC-S de julho se confirmar, o acumulado em 12 meses irá a 7,06%. “A trajetória é de avanço do IPC-S em 12 meses. Tem um longo caminho pela frente até chegar aos 6,4%”, avaliou Picchetti, acrescentando que há viés de alta nessa projeção.