FGV: IPC-C1 tem a maior taxa desde maio de 2008

A alta de 1,32% da inflação das famílias de baixa renda em janeiro, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), foi a mais intensa desde maio de 2008, quando avançou 1,38%, segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz. O IPC-C1 mensura o impacto de preços percebido por famílias com ganhos mensais entre 1 e 2,5 salários mínimos.

Em fevereiro, a inflação no varejo deve seguir bem menos pressionada, não só para as famílias de baixa renda, mas para todas as faixas de renda. Braz lembrou que reajustes de preços realizados no mês passado já foram captados pelo índice, e não devem pressionar novamente, de forma expressiva, a inflação ao consumidor. “Temos outros reajustes previstos, como de tarifa de gás no Rio, e de metrô, em São Paulo. Mas estes são de menor magnitude do que os realizados em janeiro. A previsão é de que a taxa do IPC-C1, e de outros IPCs (calculados pela FGV) deve cair pela metade em fevereiro em relação a janeiro”, comentou.

Um dos maiores impactos para o avanço da inflação da baixa renda foi a disparada no preço de tarifa de ônibus urbano (de 0,0% para 5,39%), que representa 90% da inflação do grupo Transportes. Isso porque houve um reajuste de 15% na tarifa de ônibus em São Paulo, que impulsionou a movimentação de preços no grupo. Segundo Braz, a inflação em Transportes, em janeiro, foi a mais intensa desde dezembro de 2006, quando o grupo teve alta de 6,06%.

O IPC-C1 também subiu devido a impactos sazonais, característicos do mês. “Em janeiro, concentramos aumentos de preços em itens de peso. Os preços dos alimentos in natura sobem, devido às variações climáticas, e temos nessa época também o impacto do reajuste nas mensalidades escolares, realizado costumeiramente em janeiro”, disse Braz.

A inflação no setor de alimentação, que subiu 1,33%, foi a mais forte desde junho de 2008, quando subiu 2,5%. Entre os destaques de aumentos de preços está a mudança brusca no comportamento de hortaliças e legumes, que saíram de uma queda de -2,28% para um avanço de 4,09% de dezembro para janeiro. Outro destaque de produto cuja oferta foi muito prejudicada por problemas com chuvas foi o feijão carioca, cujo preço saiu de uma queda de 3,73% para um avanço de 2,92% no período. “Porém o impacto de longo prazo de aumentos de preços nos in natura na inflação do varejo é praticamente nulo”, disse.

O economista explicou que estes produtos têm uma movimentação de preços muito volátil, e provavelmente devem mostrar quedas de preço expressivas nas próximas apurações do índice, na análise do técnico. “O clima, porém, não afetou todos os alimentos in natura. Há produtos que caíram de preço”, disse, citando como exemplo aipim (-3,39%), tomate (-14,35%) e batata-doce (-2,56%).

Ainda no setor de alimentação, outro produto que contribuiu muito para elevar o IPC-C1 foi o leite in natura, que mostrava deflação de 1,5% em dezembro e subiu 4,93% em janeiro. “Mas não dá para dizer que, em alimentação, ocorre uma alta generalizada de preços. Realmente (os aumentos de preços) são mais concentrados em produtos que sofreram com as fortes variações climáticas. Estes produtos não devem subir assim em fevereiro”, afirmou. Já no caso de cursos formais, houve forte elevação de preços (de 0,0% para 8,0%), mas as despesas com escolas particulares representam apenas 0,5% do total das despesas mensais entre as famílias de baixa renda.

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