FGV: intenção de compra sobe e acende luz amarela

A leve alta de 0,1% na confiança do consumidor em março, divulgada nesta quarta-feira, 26, não representa uma tendência de inversão do pessimismo ou de aceleração geral no consumo, afirmou a economista Viviane Seda, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Não é nenhuma mudança de humor, ainda não é nada que nos conforte nesse momento em relação ao consumidor”, disse. A confiança, aos 107,2 pontos, segue sendo a mais baixa desde maio de 2009 (103,6 pontos).

Ainda assim, a intenção de compra de bens duráveis subiu pelo segundo mês consecutivo (+1,7% em fevereiro e +1,2% em março), apesar de a percepção sobre a situação financeira das famílias persistir em patamares abaixo da média histórica, mostrando insatisfação alimentada pelo endividamento e pela inadimplência.

Segundo Viviane, o consumidor vinha se mostrando mais cauteloso, mas a elevação da intenção de compra de bens duráveis que se desenha – a despeito da menor oferta de crédito e dos juros mais elevados – serve de alerta para os especialistas, justamente pelo nível já elevado de endividamento apurado entre as famílias.

“O consumidor está mais propenso a consumir (bens duráveis), mas a poupança está pior. Isso quer dizer que ele está mais endividado e poupando menos”, explicou a economista. O dado, contudo, revela uma expectativa, podendo não se traduzir em índices quantitativos de volume de vendas.

“Não dá para dizer que o consumidor vai voltar a comprar, ficará endividado, e por isso a inadimplência vai aumentar”, disse. “Eu diria que é uma luz amarela. Vamos prestar atenção no que está acontecendo na cabeça do consumidor”, advertiu.

O que pode estar influenciando esse comportamento, de acordo com Viviane, é a proximidade da Copa do Mundo. “O consumo de TVs normalmente aumenta”, cogitou, ponderando que não há evidências de que o Mundial seja a motivação do aumento na intenção de compra de bens duráveis.

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