Além do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) do fechamento de abril ter ficado alto e acima da expectativa do coordenador do índice, Paulo Picchetti, de 0,55%, o núcleo do indicador, que expurga o efeito direto dos choques sobre a inflação, também subiu na comparação com março, indicando que há algum repasse para os outros preços, ainda que baixo, diz Picchetti.

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O IPC-S desacelerou timidamente entre março e abril (0,65% para 0,63%), superando a mediana da pesquisa do Projeções Broadcast, de 0,60%, encontrada a partir do intervalo de 0,56% a 0,67%. Em 12 meses, o indicador passou de 4,88% para 5,19%, registrando a maior taxa desde dezembro de 2016. No primeiro quadrimestre, o aumento foi de 2,21%, de 1,38% no mesmo período de 2018.

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O núcleo, por sua vez, subiu de 0,32% no terceiro mês para 0,41%, acumulando 3,96% em 12 meses (de 3,92% em março) – a variação mais alta desde julho de 2017 (4,04%).

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“Tem dois choques de oferta acontecendo, em alimentação e combustíveis, o núcleo está dizendo que o efeito não está contido só no choque de oferta, tem tido alguma influência sobre outros grupos, mas temos que qualificar essa contaminação, que ainda é baixa. O valor absoluto desse acumulado em 12 meses está abaixo de 4,00%.” Em 12 meses até abril, o grupo Alimentação teve alta de 7,05%, a maior variação desde dezembro de 2016 (7,43%).

Dessa forma, Picchetti avalia que o cenário inflacionário segue sob controle, mas menos confortável do que na virada do ano, ainda que condizente com o cumprimento da meta em 2019. O centro da meta estabelecido para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano é de 4,25%.

“No balanço de riscos do Banco Central, não tem evidência de aumento significativo de preços que justificasse mudança de política monetária”, avalia. Picchetti mantém sua expectativa para o IPC-S do ano em 4,30%.

Para o economista, o maior risco para o cenário da inflação do ano é o câmbio, principalmente diante das dificuldades da aprovação da reforma da Previdência.

Segundo Picchetti, o grupo de comercializáveis, que normalmente sente o maior efeito da mudança na taxa de câmbio, teve um pequeno aumento de março para abril (0,04% para 0,23%) e, em 12 meses, acumulou a maior taxa (1,81%) desde maio de 2017 (1,82%). “Eu vejo esse fator como o principal motivo de eventual preocupação. De resto, números do mercado de trabalho e do setor de serviços mostram cenário tranquilo, infelizmente pelo nível de atividade fraca.”

No curto prazo, o economista espera desaceleração do IPC-S diante da expectativa de arrefecimento forte em alimentação, que mostra regularização dos preços depois do efeito negativo do clima adverso do verão em alimentos in natura.