Uma combinação entre aumentos generalizados de preços no atacado e inflação de alimentos mais intensa no varejo levou ao fim a deflação na primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), de dezembro para janeiro (de queda de 0,16% para alta de 0,27%). Segundo afirmou hoje o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, enquanto os aumentos no varejo foram mais concentrados no setor de alimentação (de queda de 0,24% para alta de 0,79%), o atacado contou com altas de preços tanto no setor agrícola quanto no setor industrial.
No segmento agropecuário atacadista, os preços dos alimentos in natura saíram de uma queda de 5,58% para uma elevação de 0,94% na passagem da primeira prévia de dezembro para igual prévia em janeiro. Mas os destaques no atacado não ficaram somente por conta dos preços dos alimentos in natura, que normalmente sobem de preço no início do ano, devido a problemas climáticos.
Os preços dos alimentos processados também pararam de cair (de baixa de 0,76% para alta de 1,75%) e vários itens industriais de peso no cálculo da inflação do varejo estão mostrando deflações mais fracas, ou até mesmo aumento de preços. É o caso de material para manufatura (queda de 0,85% para baixa de 0,01%), como ferro-gusa (1,69% para 7,75%), e fertilizantes (baixa de 6,92% para alta de 2,81%).
Para Quadros, há certa “consistência” na mudança de trajetória de preços no atacado. “Há muitos aumentos de preços em setores com cadeias produtivas diferentes. Não é uma coisa localizada, concentrada em um setor só, como no varejo”, disse. “Creio que o período de queda de preços no atacado acabou e vamos ver novas elevações de preços no setor”, disse.