O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) deve ter nova desaceleração em fevereiro após registrar taxa mais baixa em janeiro (0,76%) em relação a dezembro (0,89%), estima o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), André Braz. Em 12 meses, o economista avalia que a taxa continuará negativa, depois da deflação de 0,41% neste mês, mas se encaminhando para estabilidade. Em fevereiro de 2017, houve aumento de 0,08% no IGP-M.
Apesar de evitar fazer projeções, essa previsão de alívio é pautada na expectativa de Braz de arrefecimento de Alimentação e dos combustíveis no atacado e no varejo, além do efeito menor dos reajustes educacionais na inflação ao consumidor. No Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o grupo Alimentação foi a principal influência para o avanço de 0,30% para 0,56% entre dezembro e janeiro.
“A média histórica mostra que o pico da sazonalidade de alta dos alimentos in natura é em janeiro e os combustíveis devem ter reajustes que compensem o avanço neste mês”, explica.
No Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), Alimentação e combustíveis foram os principais elementos a impedir uma desaceleração maior do que de 1,24% em dezembro para 0,91% em janeiro, destaca o economista. Segundo ele, retirando os alimentos in natura (-1,87% para 3,21%), gasolina (2,74% e 3,20%) e óleo diesel (-1,30% para 3,96%), a taxa no atacado poderia ser de 0,71%, o que, completa ele, indica que não há pressões inflacionárias fortes e duradouras.
Braz ainda completa que a queda de alimentos processados, que têm efeitos mais longos na inflação, indicam que os preços de alimentação devem ficar controlados esse ano, apesar da expectativa de alta depois da deflação forte em 2017.
Nos índices de preços da FGV, a alta das mensalidades escolares é captada em janeiro, mas como o IGP-M é coleta entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês da divulgação, Braz lembra que ainda falta um terço do impacto. Contudo, ele ressalta que a alta deste ano deve ser menor do que os últimos anos. Em janeiro, cursos formais avançaram 3,59% contra 5,60% no mesmo período de 2017.
“Esse mercado está se adaptando a uma nova realidade após a recessão, com a inadimplência e com a perda da capacidade de pagamento das famílias”, diz Braz, lembrando que os custos fixos de água e luz das escolas cresceram fortemente no último ano, enquanto o número de alunos parece ter caído.
Recuperação econômica
O economista da FGV também apontou, dentro do IGP-M de janeiro, sinais de que a recuperação econômica, já iniciada, segue firme. Segundo ele, os bens de investimento e os bens duráveis subiram rapidamente de dezembro para janeiro, o que não é explicado somente pelo movimento do câmbio ou das matérias-primas.
Braz destaca, por exemplo, o aumento de veículos pesados (0,15% para 2,12%) em bens de investimento e de refrigeradores (-1,86% para 1,61%), celular (-0,25% para 0,40%) e motos (-0,29% para 0,59%) em bens duráveis.