O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), Paulo Picchetti, da Fundação Getulio Vargas (FGV), informou nesta sexta-feira, 16, ao Broadcast, serviço em tempo real da Agêcia Estado, ter elevado sua projeção para o indicador fechado de janeiro, de uma previsão anterior de 1,2% para 1,6%. Se a alta for confirmada, será maior que a taxa de inflação de 0,99% de janeiro de 2014. “O piso esperado de 1,2% já foi embora na segunda quadrissemana. Com certeza deve subir no fim do mês, porque ainda vão aumentar os efeitos das coisas que estão pressionando mais, principalmente de ônibus, tarifa de energia e os cursos formais”, enumerou.

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Como informou hoje a FGV, IPC-S apresentou aceleração importante entre a primeira leitura e a segunda medição do mês, ao passar de 0,96% para 1,28%. “Tem 0,32 ponto porcentual de aumento. Desses 0,32 ponto, 0,23 ponto porcentual vem de tarifa de eletricidade (de 5,85% para 7,76%), cursos formais (de 0,83% para 4,22%) e tarifa de ônibus urbano (1,71% para 4,36%). Ou seja, dois terços estão praticamente concentrados nesses três itens. Mesmo assim, ainda sobra um terço. Por isso que eu digo que é uma situação de pressão grande pois esse outro um terço tem hortaliças e legumes (de 7,91% para 11,56%)”, avaliou.

A estimativa inicial de Picchetti era de que alguns alimentos dariam alívio ao IPC-S, mas isso, disse, parece não se confirmar. “Alguns itens (alimentícios) ainda estão desacelerando, como carnes bovinas (de 4,13% para 3,34%) que tinham subido bastante. No entanto, não estão sendo suficientes para compensar os outros aumentos, inclusive em Alimentação”, explicou.

No IPC-S da segunda leitura do mês, a variação do grupo de alimentos foi de 1,70%, após 1,41%. Mas a maior contribuição partiu, conforme a FGV, do conjunto de preços de Educação, Leitura e Recreação, cujos efeitos dos reajustes de mensalidade e material escolar aparecem no IPC-S de janeiro. Esta classe de despesa ficou em 1,93% (ante 0,79%). “Não tem nada ajudando para a inflação para baixo. Como imaginado, o ano começa quente para a dinâmica inflacionária”, afirmou.

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Além das pressões dos efeitos dos reajustes nas tarifas de energia elétrica e transporte público e da sazonalidade desfavorável em Educação, Picchetti disse que o clima instável muito comum nesta época já está encarecendo os preços de alguns alimentos. Como exemplo clássico, citou o tomate, que subiu 1,72% na segunda medição do IPC-S de janeiro, mas que já dá sinais de alta mais expressiva, na faixa de 10%, enquanto o feijão carioca está ficando mais caro cerca de 24% nas pesquisas mais recentes.