O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), Paulo Picchetti, elevou nesta terça-feira, 16, de 0,60% para 0,70%, a projeção para a inflação captada pelo indicador da Fundação Getulio Vargas (FGV) no fim de junho. Em entrevista à reportagem, ele disse que, a despeito do aumento na previsão, há uma análise um pouco menos pessimista sobre o movimento do índice até o encerramento do mês, já que, se confirmada a previsão, haverá uma desaceleração ante os resultados atuais. “Não é tão ruim quanto parece”, comentou.

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Nesta terça-feira, a FGV anunciou que o IPC-S registrou taxa de 0,86% na segunda quadrissemana de junho. O resultado representou uma aceleração de 0,01 ponto porcentual ante a taxa de 0,85% da primeira leitura do mês e mostrou a inflação caminhando para um lado que não era imaginado pelo coordenador, já que a expectativa era de desaceleração.

A despeito desta surpresa, Picchetti encontrou o grande motivo para o IPC-S acima do previsto e disse que este mesmo fator que está puxando a inflação para cima vai perder força até o fim de junho, ajudando no processo de desaceleração geral. De acordo com ele, este responsável é o item Jogo Lotérico, que, avançou 47,05% na segunda quadrissemana de junho (ante 33,13% da primeira medição) e respondeu sozinho por 0,17 ponto porcentual de todo o IPC-S.

“O índice está pegando o impacto quase cheio de Jogo Lotérico”, afirmou Picchetti. “No fechamento do mês, essa pressão vai começar a sair e será menor do que a atual”, destacou.

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Conforme o coordenador do IPC-S, a desaceleração da inflação no fim de junho ante a observada na segunda quadrissemana será puxada por vários itens, não apenas pelo movimento esperado pelo Jogo Lotérico. Uma importante ajuda esperada deverá vir do sempre volátil segmento de Hortaliças e Legumes, que já subiu menos na segunda quadrissemana de junho (8,58%) ante o avanço (de 11,74%) da primeira leitura do mês.

De acordo com Picchetti, as pesquisas de ponta da FGV (mais imediatas e que ainda serão computadas nas quadrissemanas futuras) mostram quedas em itens importantes, como o sempre problemático tomate. “Ele está com uma queda de mais de 20% nas pesquisas de ponta”, informou Picchetti. “Se esta tendência for mantida, estaremos falando do tomate, num futuro próximo, como uma das maiores influências negativas”, salientou.

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Na segunda quadrissemana de junho, o tomate subiu 5,34%. O avanço já foi bem menor que o de 16,48% da primeira medição do mês e, pelo cálculo de Picchetti, esta desaceleração já evitou que a inflação geral fosse ainda maior no período pesquisado.

O coordenador do IPC-S insistiu que o cenário traçado para o fim do mês para o indicador da FGV é melhor do que os números atuais estão mostrando. “Parecia que o número iria para o nível de 0,90%, mas, na verdade, ele vai para 0,70%”, previu.

Mesmo com essa avaliação um pouco menos desfavorável sobre o IPC-S, Picchetti ressaltou que o panorama da inflação de junho de 2015 é ruim, se comparado ao que tradicionalmente se observa nesta época do ano. “Não quer dizer que seja algo confortável. Ainda é um nível muito alto para um mês de junho”, avaliou, lembrando que o período costuma trazer taxas de inflação mais próxima da variação zero.