O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), Paulo Picchetti, elevou nesta segunda-feira, 24, de 0,40% para 0,60%, a projeção para o indicador de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV) de fevereiro. Em entrevista ao Broadcast, serviço de informações da Agência Estado, ele afirmou que, apesar de o índice ter mostrado uma desaceleração entre a segunda e a terceira quadrissemana do mês, este movimento foi muito mais leve do que o imaginado para o período, em função basicamente da Alimentação, que mostrou aceleração e impediu um alívio maior para a inflação.
De acordo com a FGV, o IPC-S subiu 0,69% na terceira quadrissemana ante alta de 0,78% na segunda leitura do mês. No período pesquisado, quatro dos oito grupos do índice apresentaram altas menores do que nas medições anteriores. Conforme o esperado, a maior contribuição para a desaceleração no indicador veio do grupo Educação, Leitura e Recreação, cuja alta passou de 2,47% para 1,56%. Nesta classe de despesa, destaque para o comportamento do item Cursos Formais, com a variação positiva passando de 3,65% para 1,60%.
Especificamente em relação à Alimentação, o grupo subiu 0,61% na terceira quadrissemana ante elevação de 0,58% na segunda leitura de fevereiro. Para Picchetti, os maiores fatores para esse movimento foram os segmentos de Laticínios, cuja queda foi menos intensa no período (de 1,70% ante 2,50%) e de Frutas, que avançou 4,20% ante 3,36% da segunda quadrissemana.
Na avaliação do coordenador, a parte de Laticínios já estaria sendo afetada pelo clima seco que vem marcando o primeiro bimestre de 2014 no País. Quanto às Frutas, não descartou a possibilidade de o segmento estar sendo influenciado pelo mesmo problema.
“A chuva ajuda no crescimento dos pastos, mas, aparentemente, isso não está acontecendo na proporção que se espera nesta época do ano”, disse Picchetti. “Na parte de Frutas, eu desconfio de que seja o mesmo motivo, assim como em Hortaliças e Legumes”, avaliou, citando outro segmento de grande peso no IPC-S, que também caiu menos (0,25% ante 0,32%), mas não ficou entre os principais fatores de pressão.
Se estes componentes da Alimentação não tivessem gerado essa pressão no grupo na terceira quadrissemana, talvez a expectativa para a inflação de fevereiro continuasse na marca de 0,40%. “Por enquanto, é isso que está chamando a atenção e frustrando minhas projeções”, lamentou Picchetti. “Está na esteira das notícias pouco animadoras relacionadas à inflação”, acrescentou, lembrando da divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de fevereiro, anunciado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (21) com uma taxa de 0,70% ante 0,67% em janeiro.