Além da desaceleração de boa parte dos preços agropecuários no atacado, o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de abril foi beneficiado pelo câmbio, na avaliação do superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Os efeitos da valorização do real ante o dólar também ajudaram a trazer a taxa para 0,45% no mês passado, ante 1,48% na apuração de março.

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O impacto do câmbio ficou concentrado principalmente nos bens intermediários. “O câmbio está produzindo seus efeitos”, afirmou Quadros. A principal evidência, segundo ele, é a desaceleração dos preços de materiais para a manufatura, sensíveis à cotação da moeda americana. Em abril, esse conjunto de produtos registrou queda de 0,70% nos preços, após alta de 0,93% em março.

A indústria química, também influenciada pelo dólar, foi outra a registrar deflação, de 0,08% em abril, ante alta de 0,43% no mês anterior. Os itens ligados à categoria de celulose papel e produtos de papel também desaceleraram, de 0,63% para 0,20%.

Apesar disso, o alívio nos bens intermediários (0,69% para -0,12%) não se deveu apenas à valorização do real. “No caso de derivados de petróleo e álcool, há outra razão muito mais importante, que é a safra de cana-de-açúcar”, observou Quadros. Com o preço da matéria-prima em queda, produtores industriais pagaram mais barato e já há, inclusive, repasse para o consumidor nos preços da gasolina (0,84% para 0,48%) e do etanol (2,35% para 1,36%).

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Por outro lado, produtos em outros estágios de processamento, como o minério de ferro, também sentiram a influência positiva do dólar mais barato. O item intensificou a queda, de -1,62% em março para -4,39% em abril. “O preço do minério de ferro vem caindo, mas tem um efeito de redução também pelo câmbio”, explicou Quadros. Para os próximos IGPs, o superintendente espera que o dólar ajude a manter os preços estabilizados.