Os preços dos alimentos no varejo devem seguir em alta, na avaliação do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Segundo ele, no âmbito do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), os preços dos alimentos já estão subindo de forma mais intensa (de 0,77% para 1,35%) junto ao consumidor. Hoje, o instituto informou que a inflação pelo IGP-10 foi de 1,08% em fevereiro.
Quadros afirmou que vários itens alimentícios que possuem cadeia extensa de derivados no varejo, como laranja, carne, leite, arroz e açúcar, estão em alta no atacado em fevereiro. “Isso deve ser repassado para o varejo”, afirmou.
Entre os produtos que já estão mostrando aumentos de preços para o consumidor, de janeiro para fevereiro, estão arroz branco (de 2,73% para 6,09%) e laticínios (de 0,01% para 1,78%). Segundo Quadros, o setor de alimentação no varejo é fortemente influenciado por itens in natura, que também estão subindo. Este é o caso da batata-inglesa (de deflação de 11,38% para inflação de 9,40%). “Creio que, com os alimentos processados em alta no atacado, essa influência pode chegar ao consumidor nas próximas apurações”, disse.
Atacado
Em fevereiro, os aumentos espalhados nos preços do atacado impulsionaram o resultado do IGP-10. Segundo Quadros, produtos agrícolas e industriais estão em alta, sendo que tanto o setor industrial como o setor agrícola têm sido influenciados por um câmbio mais elevado. O movimento de recuperação de preços em um ambiente de retomada da atividade no cenário pós-crise e a redução na oferta de cana-de-açúcar e derivados também contribuem para o movimento.
A inflação no atacado disparou, de 0,07% para 1,15%, de janeiro para fevereiro. O técnico da FGV comentou que a moeda norte-americana tem grande influência nos preços de produtos atacadistas, principalmente commodities (matérias-primas). Ele negou, no entanto, que os recentes movimentos de desvalorização do real ante o dólar sejam uma influência preponderante na formação de preços do atacado. Mas admitiu que, em comparação com o ano passado, quando o dólar praticamente não puxou a inflação, o câmbio em 2010 não está mais tão estático.