O ânimo para contratações entre os empresários do setor de serviços está em queda, a despeito de a taxa de desemprego ainda mostrar resultados favoráveis no contexto de uma economia em ritmo fraco, afirmou o economista Silvio Sales, consultor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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“O ânimo para contratações está menor do que no ano passado”, disse Sales, salientando que, nesse quesito, os menos otimistas são os empresários ligados a setores de alta produtividade, como tecnologia de informação. Ao mesmo tempo, esses segmentos são menos intensivos em mão de obra.

Por outro lado, a previsão de emprego entre os setores de baixa produtividade (que englobam os serviços prestados às famílias) está praticamente estável, o que impede uma deterioração ainda mais intensa no cenário, explicou o consultor, responsável pela Sondagem de Serviços, da FGV. Mesmo assim, o pessimismo em relação ao emprego ajuda a determinar a confiança do setor. “Enquanto isso (emprego) não melhorar, provavelmente a confiança não vai aumentar”, disse Sales.

Em março, a confiança do setor de serviços recuou 0,4% em relação a fevereiro, influenciada por uma deterioração bastante acentuada nas expectativas e por uma percepção menos favorável sobre o momento atual da atividade. “Os indicadores estão, desde metade do ano passado, caminhando abaixo da média histórica. Isso reflete cenário de ritmo fraco de atividade”, avaliou o economista.

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Os quatro principais setores, que representam 80% do valor agregado à atividade, mostraram direções inversas. Os serviços de informação tiveram queda de 0,3%, contra alta de 6,8% em fevereiro. Já os serviços prestados às empresas recuaram 0,6%, ante -0,4% no mês anterior. Os serviços de transporte aumentaram a confiança em 0,4%, de -3,0% em fevereiro, enquanto os serviços prestados às famílias tiveram alta de 1,2% em março (de -1,3% no mês anterior).

Apesar disso, no acumulado do primeiro trimestre, a demanda empresarial (representada principalmente pelos serviços de informação, de maior valor agregado) ainda mostra certo fôlego, enquanto a demanda varejista, que inclui os serviços prestados às famílias, reflete com mais ênfase uma deterioração, explicou Sales.

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Entre os que se declararam otimistas em março de 2014 estão 29,7% das empresas, ante 30,4% em fevereiro. Apesar disso, a parcela dos pessimistas também diminuiu, de 13,1% para 12,9% no período. O deslocamento ocorreu em direção a uma visão neutra do setor de serviços – essa opinião foi dada por 57,4% das empresas, ante 56,5% em fevereiro. “O pessimismo e o otimismo estão cedendo espaço para neutralidade, o que traduz o ritmo moroso do desenvolvimento”, avaliou o economista.