Após 14 anos de batalha judicial, os 53 mil acionistas do Banco Bamerindus vão ser ressarcidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que decidiu nesta semana saldar parte do valor das ações do banco e da Bamerindus Participações. O pagamento terá início dentro de 30 dias para os 1,3 mil acionistas minoritários que moviam a ação civil pública, que cobrava uma prestação de contas sobre os motivos da “quebra” do banco. Depois, será a vez dos demais acionistas receberam.
Na ação, os acionistas requeriam o pagamento do valor da ação no dia 27 de marços de 1997, data em que o Bamerindus sofreu a intervenção do Banco Central. Contudo, para evitar que a ação se estendesse por mais alguns anos, a Associação Brasileira dos Investidores Minoritários do Banco Bamerindus acatou a proposta do FGC de pagar R$ 7,74 para cada ação do Banco Bamerindus e R$ 5,52 para as da Bamerindus Participações. “O acordo tem mais peso moral do que material, mesmo assim, precisamos celebrar porque, pela primeira vez na história do sistema financeiro brasileiro, o Banco Central e o Fundo Garantidor resolvem ressarcir acionistas”, conta o presidente da associação, Euclides Nascimento Ribas.
Ele havia herdado do pai 800 ações. Com o fechamento do banco, além de reaver o prejuízo, Ribas coordenou a ação para cobrar explicações sobre como se deu o desmantelamento da instituição. “O banco não estava quebrado, tanto que em 14 anos não conseguiram fazer uma prestação de contas que justificasse isso. O próprio FGC, durante o acordo, reconheceu que a situação do Panamericano foi infinitamente mais grave do que a do Bamerindus. Porém, na época, o FGC não reunia um capital exuberante como hoje, quando há cerca de R$ 30 bilhões em caixa, para garantir a segurança do sistema”, aponta. “O banco não quebrou, mas os interesses de grupo que queriam adquirir a instituição impediram qualquer tentativa de salvá-lo. A venda para o HSBC foi tão dissimulada, que o sistema preferiu entrar em um acordo com os acionistas minoritários após 14 anos de tramitação judicial”, enfatiza o vice-presidente da associação, Jair Capristo.
Para os 1,3 mil associados que moviam a ação civil pública, o FGC deve pagar R$ 60 milhões. Já as ações pertencentes aos outros 51,9 mil investidores totalizam R$ 20 milhões. Nesta quinta-feira (24), o Fundo publicou o edital de oferta pública voluntária para aquisição das ações ordinárias e preferenciais em poder desse grupo. O prazo limite para o pagamento encerrará no dia 24 de junho de 2011.
Quem tiver interesse em alienar suas ações com o FGC deverá efetuar um cadastro no site (http://www.acionistasbamerindus.com.br) e seguir as condições estipuladas no edital. A associação disponibilizou os seguintes contatos para o esclarecimento de dúvidas: (41) 3525-3800 ou acionistas@acionistasbamerindus.com.br .
