O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, afirmou nesta quinta-feira, 21, que a ferrovia entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO) está pronta para licitação. O governo, segundo ele, tem consultado as empresas do setor ferroviário para ouvir “críticas” relacionadas ao projeto. “Estamos trabalhando com o setor, tentando entender quais são os aspectos de críticas”, disse.
Conhecida como Ferrovia de Integração do Centro-oeste (Fico) e, mais antigamente, como “Ferrovia da Soja”, a linha está projetada para ter 883 quilômetros de extensão, com orçamento inicial de R$ 5,4 bilhões, conforme apresentação do ministro no seminário Brasil nos Trilhos, organizado pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) e a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF).
“O governo tem clareza de que prover o transporte ferroviário impõe a necessidade de atrair o setor privado”, disse Passos. O ministro incluiu na sua apresentação os 96 Km dos 1.728 Km previstos para a Ferrovia Transnordestina, ligando o interior do Piauí aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE). “Estamos avançando na construção”, disse, em referência a 798 km em construção atualmente.
A Transnordestina deveria ter sido entregue pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em 2010, mas a empresa não conseguiu avançar no projeto, repassando parte da companhia criada para tocar as obras para agentes de governo, como Valec e BNDESPar.
Passos destacou o interesse da China em participar de licitações no País, mas disse que o governo tem tentado atrair investimentos de outros países para “fazer uma grande transformação no mapa (ferroviário) do Brasil”.
Os investidores estrangeiros são, no momento, a principal aposta para impulsionar o empreendimento. As construtoras nacionais consideram que, tal como está, a Fico é um mau negócio. Elas avisaram ao governo que não participariam de um eventual leilão.
A causa da insatisfação é o valor do investimento fixado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Pelas contas das empreiteiras, a ferrovia custaria R$ 7 bilhões, e não R$ 5,4 bilhões.
O governo vem argumentando nos bastidores, em vão, que elas precisam colocar no cálculo o ganho que terão como concessionárias da linha, e não apenas a realização da obra.
Atrair um sócio estrangeiro tem se mostrado tarefa difícil. Os chineses mostraram interesse, mas a experiência mostra que isso não necessariamente se traduz em investimentos. Há rumores de interesse dos russos, mas a estatal ferroviária RZD informou ao jornal O Estado de S. Paulo que nunca ouviu falar da ferrovia.
Trem bala
De acordo com o ministro, a Empresa Brasileira de Logística (EPL) está concluindo o “refinamento do traçado” do Trem de Alta Velocidade (TAV) – o trem bala ligando Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. “Eu diria que é uma aspecto de inovação, de introdução de tecnologia de transporte que o mundo avançou e que o Brasil tem o dever de trabalhar para fazê-la se transformar numa realidade”, disse Passos.