Recém-saídas da crise, as empresas brasileiras continuam buscando maneiras de cortar gastos. Muitas delas ainda distantes do equilíbrio das contas, não sabem que uma simples ferramenta digital é capaz de aprimorar processos e reduzir despesas significativas. Mas, a partir de agora, especialistas apostam que isso pode mudar.
“As ferramentas de auditoria já estão mudando o mercado nos últimos anos, aprimorando o controle e garantindo boas práticas dentro das empresas. É daqueles investimentos que dão retorno, por isso tendem a crescer”, explica o presidente da PMG Academy, Adriano Martins. Responsável pela escola voltada exclusivamente ao ensino de compliance e governança corporativa, ele tenta passar aos alunos as possibilidades desse mercado.
“Já temos softwares tão bem desenvolvidos que são customizados, atendendo exatamente àquilo que o cliente precisa para sua auditoria interna. As empresas estão enxergando o valor disso”, comenta.
Entre os exemplos estão o Project Management Body of Knowledge (PMBOK), que faz análise estratégica de contas telefônicas; o Interactive Data Extraction & Analisys (Idea), capaz de extrair e analisar dados para identificação de fraudes e inconformidades dentro da companhia; e Galileo, um gerenciador de auditoria integrada que consegue gerar relatórios completos para acompanhamento.
Para o diretor da consultoria Mazars Cabrera, Júlio Andrade, usar essas ferramentas garantem uma visão completa do negócio. “Nenhum empresário consegue olhar sozinho toda sua cadeia, tanto pelo lado prático quanto burocrático. Há coisas que escapam do olhar humano. O software vem para ajudar”, diz.
O superintendente da Fundação Amaral Carvalho, Antônio Cesarino, responsável pelo hospital que leva o mesmo nome, comprou um programa de auditoria há um ano e meio. A ferramenta é usada para controle interno de entrada e saída de equipamentos hospitalares e também de material de escritório.
“Conseguimos revisar processos do início ao fim de maneira ágil, coisa que não era possível apenas com uma equipe de auditores, isso é economia de tempo e dinheiro.” Sua intenção é estender essa possibilidade ao setor de medicamentos, o mais importante da instituição. “Ainda estamos estudando qual o melhor programa para atender nossa demanda neste caso específico.”
Com as ferramentas já no mercado e empresas descobrindo suas funcionalidades, é hora de os profissionais da área de auditoria atualizarem seus conhecimentos, aponta Fábio Pimpão, .diretor de normas e especificações do Instituto dos Auditores Internos do Brasil.
“Acredito que cada vez mais as companhias verão valor em fazer esse tipo de investimento. Mas só um programa que vasculha tudo e te entrega dados não resolve, precisa de alguém para interpretá-los e tomar uma ação. Aí entre o profissional bem preparado”, explica.
Pimpão acredita que a demanda por auditores bem preparados crescerá tanto por causa dessas novas tecnologias quanto pela percepção em geral de que o investimento em compliance e afins é item obrigatório, não importa a empresa.
“Esse é o momento em que empresários param de fechar a torneira e começam a enxergar a retomada. Estamos falando de um setor (compliance) que foi negligenciado durante a crise e precisa se atualizar para acompanhar o mercado”, afirma.
Para Adriano Martins, da PMG Academy, a capacitação e orientação de equipes são itens obrigatórios para que a ideia de adotar novas ferramentas tenha sucesso. “Não basta ter só a política de boas práticas ou uma ferramenta inovadora. A preparação e conscientização sobre todo esse universo é que fará a coisa funcionar.”