Se você deu uma olhada rápida no calendário deste ano já deve ter percebido o grande número de feriados prolongados. Só nestas duas últimas semanas foram dois – Páscoa e Tiradentes. Na outra segunda-feira, 1.º de maio, nova parada: Dia do Trabalho. No dia 16 de junho, quinta-feira, mais um dia de folga: Corpus Christi. Isso sem contar os feriados do segundo semestre: 7 de setembro (Dia da Independência), 12 de outubro (Dia de Nossa Senhora Aparecida) e 2 de novembro (Finados), que este ano caem na quinta-feira. Para alguns segmentos, é a oportunidade de faturar mais. Para outros, porém, tantos feriados acabam atrapalhando os resultados financeiros.
?O feriado prolongado atrapalha, com certeza, porque tira a seqüência de pesquisa de preços. Quando o comércio reabre, na segunda-feira, o consumidor já mudou de idéia e acaba comprando uma outra coisa?, afirmou o vice-presidente de Serviços da Associação Comercial do Paraná (ACP), Élcio Ribeiro.
Para Ribeiro, é injusto proibir o comércio de rua de trabalhar durante os feriados. ?Os bares e restaurantes podem (trabalhar), os taxistas também. É um absurdo quando vejo a alienação de um shopping trabalhar e o comércio em geral, não. Às vezes, são lojas da mesma rede?, reclamou, acrescentando que a proibição não se justifica. ?O direito de trabalho deveria ser de cada um e não determinado pelo governo?, defendeu.
Saindo do vermelho
Se há um segmento que não pode reclamar dos feriados prolongados é o de turismo, especialmente o de turismo rural. Com três ou quatro dias de folga, é comum ver o curitibano buscar um local sossegado, bucólico, bem longe do trânsito e do estresse do dia-a-dia. Daí a grande demanda por pousadas e hotéis fazendas da região.
?Os feriados prolongados são uma ótima oportunidade para tirar um empreendimento do vermelho?, afirmou a consultora de turismo e hospedagem rural, Wilma Alencar, que intermedeia reservas de pelo menos 80 estabelecimentos do segmento no Paraná e em Santa Catarina. Segundo ela, há empreendimentos que nem abrem durante a semana, pela baixa demanda. Já os que vão bem registram ocupação de 60% a 70% em finais de semana comuns e fecham em até 100% durante o feriado prolongado, quando o faturamento chega a crescer 25%.
E opções não faltam para quem quer aproveitar os dias de folga em uma área rural. Também os preços variam muito, conforme a infra-estrutura do local. ?Uma novidade é que pela primeira vez os empreendimentos de Santa Catarina estão fazendo promoções para os feriados?, contou Wilma. Um exemplo é o Fazenda Parque, em Gaspar (SC), a cerca de 230 quilômetros de Curitiba. O pacote de três dias para um casal, que custava R$ 1.379,00 na Páscoa, caiu para R$ 965,00 para o feriado do Dia do Trabalho. Também no Vale das Pedras, em Jaraguá do Sul (SC), o pacote que custava R$ 1.240,00 na Páscoa é vendido agora por R$ 732,00.
Já no Paraná, de acordo com Wilma, as promoções ainda não chegaram. ?É muito difícil negociar com eles, talvez por conta da sazonalidade?, acredita. ?Mas os preços não aumentaram em relação ao ano passado?, ponderou. Entre as opções próximas a Curitiba estão o Ribeirão das Pedras, a cerca de 60 quilômetros do trevo do Atuba, cujo pacote para o feriado custa R$ 660,00 para o casal. Na Fazenda Cainã, a 50 quilômetros do Parque Barigüi, o pacote sai por R$ 600,00. Em comum, esses e todos os outros do segmento oferecem passeios a cavalo, com charretes, trilhas para caminhada, fogo de chão. ?O que diferencia um empreendimento de outro é o atendimento, a qualidade de serviço, a estrutura arquitetônica?, explicou Wilma. Além disso, para os mais sofisticados, a piscina térmica costuma ser uma exigência, principalmente nos dias de frio. Mas é a lareira, segundo Wilma, ?a salvação? de todos eles.
Serviço – Maiores informações sobre turismo rural, opções de hospedagem e reservas, através do site www.armazemdeturismorural.tur.br ou pelo fone (41) 3339-1695.
Shoppings são opção para quem fica e quem chega
Para aqueles que não deixam a cidade durante o feriado, os shopping centers acabam sendo uma das principais opções de lazer, ao lado de parques e bosques. E são as áreas de entretenimento – incluindo os cinemas – e as praças de alimentação os locais mais concorridos.
?Nós temos uma característica um pouco diferente dos shoppings tradicionais. Enquanto eles possuem um volume grande de entretenimento, acabam sendo beneficiados pelo fluxo de pessoas. Já para nós o fluxo cai, mas o tíquete médio (valor das compras) aumenta?, analisou o presidente do grupo Pol-loShop, Anísio Romanini, acrescentando que o crescimento no valor das compras chega a 20% a 30% durante o feriado. Nos grandes shoppings, ao contrário, o fluxo de pessoas aumenta, mas as vendas são de menor valor.
Apesar disso, Romanini acredita que o feriado prolongado mais prejudica do que beneficia o PolloShop. ?De maneira geral, para os shoppings grandes é algo positivo, mas para a gente não?, afirmou. De acordo com Romanini, a área de entretenimento hoje é imperativa em shopping centers. ?No PolloShop Alto da XV (onde há cerca de 230 lojas), há um projeto para construir uma área de entretenimento, só que dependemos da retirada do trilho de trem do centro. Já no Champagnat (onde há cerca de cem lojas), realmente não há como?, arrematou. Conforme acordo coletivo já fechado, os shoppings de Curitiba não abrem no dia 1.º de maio, 7 de setembro nem no Natal. No dia 1.º de janeiro e na Páscoa também não atenderam. (LS)