Felizmente vemos início da redução do spread, aponta Febraban

Os dados do Banco Central relativos ao comportamento do spread bancário em fevereiro foram animadores, na avaliação do presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fábio Barbosa. Ele fez o comentário durante audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de acompanhamento da crise financeira do Senado.

“Felizmente estamos começando a ver início da redução do spread. Dados do BC de hoje mostram isso”, afirmou. Segundo o BC, a taxa geral de spread passou para 29,7 pontos porcentuais em fevereiro, de 30,5 pontos em janeiro, e para 29 pontos porcentuais na primeira quinzena de março. Spread é a diferença da taxa de juros entre a que é paga pelo banco na captação dos recursos e a taxa cobrada no empréstimo final.

Barbosa admitiu que o spread brasileiro é mais elevado, mas justificou que isso não ocorre “por acaso”. De acordo com ele, questões estruturais estão na base da formação de taxas mais elevadas. Entre as questões citadas pelo executivo estão a falta de um cadastro positivo, a lentidão de processos judiciais e a existência de tributação sobre intermediação financeira. “O Brasil é um dos poucos países a ter taxas sobre intermediação financeira”, apontou. Além disso, Barbosa citou a inadimplência, que, no Brasil, segundo ele, tem um nível muito superior a outros países.

O presidente da Febraban citou ainda a composição da carteira de empréstimos. “No exterior, a carteira é muito calçada em crédito imobiliário, que tem uma taxa de inadimplência menor. No Brasil, esta fatia é bem menor”, alegou, lembrando, no entanto, que o mercado começou a se aquecer no Brasil recentemente. “Há, portanto, questões metodológicas que explicam formação dos spreads altos”, resumiu. Para ele, o spread menor será uma consequência natural da melhor composição da carteira.

Sobre os depósitos compulsórios, Barbosa salientou que o impacto dessas taxas sobre a composição do spread é pequeno e que a redução anunciada pelo governo no final do ano passado não visava à diminuição das taxas, mas, sim, ao aumento da liquidez no mercado. “O que foi feito de forma muito feliz.”

O presidente da Febraban ressaltou ainda que o crédito continua a crescer no Brasil e “não andou para trás” como em outros países. “O que ocorreu (desde o início da crise) foi um crescimento mais lento”, comparou. Para ele, no entanto, é difícil imaginar a volta do nível pré-crise de crédito mundial, pois foi o excesso de oferta que levou à turbulência. Continuando a comparar a situação brasileira com a internacional, ele comentou que o spread também subiu no mundo nos últimos meses de 2008 porque as incertezas geram um aumento generalizado das taxas.

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