Quando o consumidor compra um sabonete, 40,50% do valor que ele paga pelo produto é imposto. O mesmo vale para a cerveja, cujo valor do imposto é de 56%. Só neste ano o Brasil já arrecadou R$ 392,78 bilhões de tributos. Conscientizar a população sobre qual o impacto dessa carga tributária para o país, e para o seu bolso, era o objetivo do Feirão do Imposto, promovido ontem em Curitiba pela Confederação Nacional dos Jovens Empresários (Conaje).
Em uma banca montada na Rua XV de Novembro a população pôde conferir quanto o imposto representa no valor dos produtos mais consumidos. De acordo com o vice-coordenador Conaje, da Associação Comercial do Paraná, Cristian Gomes, a mesma iniciativa foi realizada 120 cidades brasileiras, ?como forma de atingir um número maior de pessoas e fazer com que elas despertem para esse grande problema do país?. Segundo ele, não é só no preço final do produto que a alta carga tributária tem reflexo negativo.
?A carga tributária também ocasiona o desemprego, porque as empresas estão cada vez mais enxutas para poderem se manter no mercado?, comentou. Além de não ter consciência sobre o reflexo dos tributos no valor dos produtos, Gomes comenta que a população acaba não cobrando do governo a aplicação desses recursos. ?Queremos com esses feirões que as pessoas despertem para a necessidade de cobrar que esses impostos sejam aplicados na saúde, educação ou segurança?, disse.
Números
Segundo dados do Conaje, a carga tributária do Brasil bateu um recorde histórico no primeiro semestre de 2006, atingindo 39,79% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Com a arrecadação de R$ 392,78 bilhões, a receita teve um crescimento real de R$ 18,85 bilhões em relação ao mesmo período de 2005, quando, em todo o ano, foram arrecadados R$ 731,6 bilhões. De acordo com a projeção do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), cada brasileiro vai pagar cerca de R$ 4.380 em tributos até o final de 2006.
Na década de 70, o trabalhador precisava destinar dois meses e 16 dias de trabalho para o pagamento de impostos, um dia a menos do que era necessário na década seguinte. Já na década de 90, passaram a ser necessários três meses e 12 dias de trabalho para pagar os tributos do governo e, no início dos anos 2000, esse tempo chegou a quatro meses e um dia. No ano passado a tributação paga pela população exigiu quatro meses e 20 dias de trabalho. Neste ano a expectativa é de um novo aumento, exigindo que o contribuinte trabalhe quatro meses e 25 dias só para pagar a carga tributária.