O Federal Reserve (Fed, o BC americano) elevou pela nona vez consecutiva, ontem, sua taxa de juros, agora para 3,25% ao ano. Com a decisão, foi mantida a abordagem moderada sobre os juros para conter pressões inflacionárias nos EUA, elevando a taxa em 0,25 ponto percentual, como fez em todas as reuniões do Fomc (sigla em inglês para o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve) desde junho do ano passado.
A política do Fed vem surtindo efeito. Os preços ao consumidor no país registraram deflação de 0,1% em maio, com a queda nos preços da energia no país. Já a inflação no atacado registrou deflação de 0,6% em maio, maior queda desde abril de 2003.
O núcleo da inflação ao consumidor (que exclui os preços de energia e alimentos) teve alta de apenas 0,1% no mês passado, depois de permanecer sem variação em abril. Já no caso do núcleo da inflação no atacado, os preços subiram apenas 0,1%, depois de terem registrado crescimento de 0,3% em abril.
Mesmo com o longo processo de alta dos juros, os últimos indicadores econômicos americanos indicam um desempenho saudável da economia. O PIB (Produto Interno Bruto, soma de toda a riqueza produzida por um país), por exemplo, registrou crescimento de 3,8% no primeiro trimestre, superando o índice preliminar divulgado no mês passado, 3,5%.
O indicador de inflação no período, divulgado juntamente com o PIB, mostrou que os preços registraram alta de 2%, ligeiramente abaixo dos 2,2% da estimativa anterior.
Renda, gastos e emprego
Os indicadores econômicos divulgados ontem mostram que as altas de juros podem estar afetando o consumo no país. Os gastos do consumidor, que respondem por cerca de dois terços de toda a atividade econômica nos EUA, mantiveram-se inalterados em maio, após a alta de 0,6% em abril.
Já a renda pessoal dos norte-americanos cresceu 0,2% em maio, menor resultado desde a queda de 2,5% registrada em janeiro deste ano. O fraco resultado foi atribuído à criação de apenas 78 mil empregos no país no mês passado, o mais baixo desde agosto de 2003.
Economistas dizem, no entanto, que a renda pessoal no país deve aumentar nos próximos meses, uma vez que o dado de maio sobre criação de empregos foi extraordinário, marcando uma desaceleração temporária e não o início de um novo período de retração do mercado de trabalho.
A manutenção do mesmo patamar de gastos, por sua vez, pode ser atribuída à queda de 0,5% nas vendas no varejo no mês passado, com a diminuição nas vendas de roupas de verão e à redução das vendas de automóveis.
Greenspan
No início deste mês, em seu testemunho ao Congresso, o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Alan Greenspan, disse que a economia dos EUA parece estar em um ?ritmo razoavelmente sustentado? e que a inflação está sob controle.
As observações de Greenspan podem sinalizar, segundo analistas, que o ritmo e elevações graduais dos juros no país deve prosseguir. O banco vem aumentando sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual desde junho do ano passado, em suas reuniões de política monetária, para conter altas da inflação.