Federação das Indústrias comemora 60 anos

Criada em 1944, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná completa 60 anos de existência nesta quarta-feira, 18 de agosto. Fundada num momento em que o País vivia sob a ditadura do Estado Novo e aprendia a conviver com novidades como o salário mínimo, a Fiep é fruto da iniciativa de nove sindicatos industriais, os únicos existentes na época. “O Paraná era um Estado essencialmente agrícola e a indústria, basicamente extrativa, usava meios muito primários de produção”, lembra Mário De Mari, na época um estudante de Engenharia Civil que depois viria a ser o terceiro presidente da Fiep.

Com a economia baseada na agricultura, o Paraná ainda via o setor industrial engatinhar, com poucas empresas e atividades. Entre os fundadores da federação estavam entidades representativas da extração do mate e da extração da madeira, então os dois principais ramos industriais do Paraná, que vivia a transição de um ciclo econômico para outro. Completavam a lista os sindicatos da indústria gráfica, artefatos de couro, cacau e balas, panificação e confeitaria, laticínios, alfaiatarias, metalúrgica e mecânica.

Reflexo de uma economia muito menos complexa que a atual, a entidade que surgia era em quase tudo diferente da Fiep de hoje. A começar pelo número de sindicatos que agrupava. Atualmente, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná representa 93 entidades sindicais patronais e cerca de 30 mil empresas do setor, que empregam perto de 400 mil trabalhadores.

Fundação

Coube a um paranaense de Palmeira a tarefa de conduzir a federação nos seus primeiros anos. Era Heitor Stockler de França, um ex-caixeiro de padaria que na juventude veio para Curitiba cheio de idéias e, ao colocá-las em prática, transformou-se num bem-sucedido comerciante e industrial, além de advogado, jornalista e escritor. Foi ele quem liderou as primeiras discussões práticas da entidade, ainda antes de sua formalização.

Ao assumir a Fiep, Sto-ckler de França já contava com um embrião do que viria a ser o Sistema Fiep. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) tinha sido criado em 1943. A II Guerra Mundial impedia que o Brasil continuasse importando da Europa profissionais para liderar as linhas de produção da nascente indústria nacional. Era preciso formar aqui mesmo os mestres ferreiros, serralheiros, gráficos, marceneiros e eletricistas, e foi dessa necessidade que nasceu o Senai. Em 1947, quando a Fiep já completava três anos, surgiu o Serviço Social da Indústria (Sesi).

O Sistema Fiep – que seria completado em 1969 com a criação do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) – crescia, mas ainda era quase uma família, até hoje presente nas recordações de Harro Olavo Muel-ler, neto do fundador da metalúrgica Mueller Irmãos Ltda., Gottlieb Mueller. “Seu” Harro, hoje com 81 anos, presidiu por 15 anos o Sindicato da Indústria da Construção Civil e integra a Fiep desde a segunda gestão, de Lydio Paulo Bettega.

Hoje, a Fiep conta com 20 coordenadorias regionais e duas subcoordenadorias, a entidade é o centro de um sistema que ostenta números grandiosos. O Senai, por exemplo, já formou mais de 3,5 milhões de profissionais em 61 anos de atuação no Paraná. O Sesi tem 24 centros de atividades espalhados pelo Estado, levando lazer, educação, saúde e cidadania a todas as regiões.

Nos últimos 10 anos, a produção industrial do Paraná cresceu 25,6%, enquanto a média nacional ficou em 19,3%. A indústria, que em 1985 respondia por 23,8% do Produto Interno Bruto (PIB) paranaense, entrou no século XXI com uma participação próxima de 40%.

Estrutura

O presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, afirma que nestas seis décadas a federação se transformou. Com políticas que estimulam a inovação e os avanços tecnológicos, a Fiep busca meios para tornar as indústrias paranaenses ainda mais competitivas. Somente no começo do ano, o setor industria do Estado cresceu 9,5%, diante de 6% da média brasileira, de acordo com dados do IBGE.

Para este ano, a previsão é que as vendas industriais do Estado aumentem 2%, recuperando a queda de 12% no faturamento no ano passado.

Os dados da balança comercial, coletados pelo Sistema Fiep, por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN), apontam que o Paraná responde por 18% do superávit brasileiro, no acumulado de janeiro a julho. Este percentual é a soma de toda a região Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que possuem 20 estados.

Até julho, o Paraná contribuiu com US$ 3,4 bilhões dos US$ 18,5 bilhões de superávit obtido pelo Brasil. Nos sete primeiros meses do ano, as exportações paranaenses alcançaram US$ 5,6 bilhões, crescendo 43,17% sobre o mesmo período de 2003, quando ficou em US$ 3,9 bilhões.

As diversificações de mercado e de produtos exportados foram fatores preponderantes para que o setor industrial registrasse incrementos nas vendas internacionais. Também a maior comercialização de produtos industrializados e com maior valor agregado influenciaram nos bons resultados paranaenses. Hoje, cerca de 60% da pauta de exportação vêm da indústria.

A Federação das Indústrias do Estado do Paraná comemora hoje o aniversário de 60 anos de fundação. Para celebrar a data, a Fiep será homenageada em uma sessão solene na Assembléia Legislativa do Paraná, marcada para as 17 horas, por proposição do deputado estadual Natálio Stica.

“Os 60 anos da Fiep marcam o esforço dos trabalhadores e a persistência dos empresários, que juntos ajudaram o Paraná a crescer”, afirma o presidente da federação, Rodrigo da Rocha Loures.

Dentro das comemorações aconteceu ontem a entrega da Ordem do Mérito Industrial Nacional ao empresário Cláudio Petrycoski. A condecoração foi ofertada pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto.

No mesmo evento, foi realizada uma homenagem a três empresários que contribuíram para o desenvolvimento industrial do Paraná – o ex-presidente da Fiep, Lydio Paulo Bettega, Percy Isaacson e Bernardo Gapski -, com a entrega da medalha de Benemérito da Indústria do Paraná. Também estão sendo homenageados os funcionários mais antigos da federação: Marli Rudek, Mariano Rodrigues do Carmo e Milton Ferreira Amaral.

Também faz parte da programação das comemorações do sexagésimo aniversário da Fiep a inauguração de uma biblioteca, batizada com o nome do empresário Saul Zugman. Com livros institucionais, o espaço está sendo reaberto após oito anos. Por ter sido uma sugestão de Zugman, a federação o prestigia dando o seu nome ao local.