Apesar da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), divulgada nesta tarde de quarta-feira, 27, ter sido interpretada como mais “hawkish” por parte do mercado financeiro, o economista e sócio da MB Associados José Roberto Mendonça de Barros não acredita em um aumento de juros nos Estados Unidos em setembro. “É verdade que o mercado de trabalho nos Estados Unidos está relativamente mais forte, mas todos os indicadores antecedentes da economia mostram um contínuo enfraquecimento e alguns analistas não descartam mesmo uma recessão. Se houver esse enfraquecimento, o Fed pode fazer o que já fez antes, ameaçar com a possibilidade de aumento de juros e depois voltar atrás”, comentou em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Mendonça de Barros acredita que o aperto monetário dos EUA deve ficar mais para o fim do ano, provavelmente em dezembro, e lembra que isso atua como um contraponto à tendência atual de queda do dólar ante o real. O economista não compartilha de uma certa “euforia”, em especial dos analistas estrangeiros, em relação ao Brasil, mas acredita que o País pode receber muitos recursos após a conclusão do impeachment de Dilma Rousseff.
Mesmo assim, ele alerta que o otimismo dos mercados com o Brasil pode ser repensado se as medidas de ajuste fiscal não avançarem após o impeachment. “Nitidamente, o governo está contendo o avanço do ajuste, aguardando o fim dessa novela. As medidas necessárias estão em banho-maria, mas, passado o impeachment, vão ter de andar rápido, senão o otimismo dos mercados começará a ser repensado.” Mendonça de Barros aponta que hoje já há uma melhora na economia, mas atualmente ela depende muito de expectativas e ainda não é baseada em fatos concretos.