A economia dos Estados Unidos deve continuar a crescer este ano e no ano que vem, mas o ritmo não será forte o suficiente para ajustar o mercado de trabalho no curto prazo e reduzir o elevado déficit orçamentário, disse o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Ben Bernanke. Em depoimento ao Comitê de Orçamento da Câmara, Bernanke afirmou que um aumento contínuo dos gastos com consumo e dos investimentos das empresas deve compensar a retirada das políticas de estímulo do governo.
Entretanto, como o crescimento econômico isoladamente não será forte o suficiente para reparar as finanças do país, Bernanke novamente alertou os legisladores sobre a necessidade de serem tomadas medidas para reduzir o déficit. Bernanke destacou que os problemas de dívida enfrentados pela Europa sinalizam a importância da manutenção das finanças do governo em condições sólidas.
“Para evitar mudanças bruscas e destruidoras dos programas de investimento e das políticas de impostos, e para manter a confiança do público e dos mercados, deveríamos estar planejando agora como enfrentaremos esses crescentes desafios orçamentários”, afirmou Bernanke, segundo texto preparado. Bernanke afirmou que os EUA possuem uma “posição favorável única”, porque têm uma economia flexível e grande e mercados financeiros desenvolvidos e líquidos.
Segundo ele, o déficit do orçamento deve diminuir nos próximos anos, com a recuperação dos mercados e da economia. Mas não sem a adoção de novas políticas, já que a recuperação deve ser moderada. Bernanke tem advertido para o déficit orçamentário norte-americano. A proposta orçamentária do presidente Barack Obama para 2011 prevê um déficit recorde de US$ 1,6 trilhão, ou 10,6% do Produto Interno Bruto (PIB), o mais elevado desde a Segunda Guerra Mundial. O governo pretende reduzir o déficit para 3,9% do PIB em 2014, ainda acima do nível considerado sustentável pelos economistas.
Embora até o momento os investidores tenham se preocupado mais com os problemas de dívida da zona do euro, os Estados Unidos estão em situação pior. A Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que o déficit orçamentário dos EUA chegará a 8% do PIB em 2011, após atingir 9,3% em 2009. Para a zona do euro, a OCDE espera que o déficit permaneça em torno de 4% do PIB até 2011.
A dívida pública dos Estados Unidos, que inclui a dívida dos Estados e municípios, deve subir para 100% do PIB em 2011, segundo a OCDE. Para a zona do euro, a OCDE estima que a dívida pública ficará, em média, próxima de 93% do PIB – da Grécia, atingir 130%. As informações são da Dow Jones.
