O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) elevou nessa quarta-feira, 21, em decisão unânime, a taxa básica de juros dos EUA em 0,25 ponto porcentual, para o intervalo entre 1,50% e 1,75%, e projetou pelo menos mais duas altas até o fim deste ano. O contínuo fortalecimento do mercado de trabalho e a atividade econômica que vem se acelerando nos EUA foram citados pela instituição como justificativas para a decisão.
No fim do ano passado, o Fed já havia projetado que elevaria os juros três vezes em 2018. Alguns investidores, entretanto, acreditam que os estímulos fiscais adotados pelo governo de Donald Trump e as recentes indicações de pressão inflacionária levarão as autoridades a acrescentar mais um aumento a essa conta, na tentativa de segurar uma aceleração dos preços no país.
De acordo com documento divulgado nessa quarta-feira, 21, a maioria dos dirigentes do Fed prevê que os juros da economia americana chegarão ao fim de 2018 entre 2,0% e 2,5%. Seis dirigentes esperam que haja mais duas altas de 0,25 ponto porcentual nos juros neste ano. Outros seis dirigentes apostam em mais três apertos, o que faria os juros encerrarem 2018 entre 2,25% e 2,50%. Com a decisão, o dólar, que na véspera atingiu o maior nível do ano (R$ 3,30), caiu 1,26% na quarta-feira, 21, para R$ 3,26.
O economista Luiz Fernando Figueiredo, sócio-fundador da Mauá Capital, lembra que a alta de 0,25 ponto porcentual já era esperada e que o mais importante era justamente a indicação de quantos aumentos são esperados para os próximos meses. “O que se pode inferir é que a mediana dos membros (do Fed) que de fato votam já aponta para quatro altas este ano. Está ficando claro que o Fed está, vagarosamente, tornando sua política monetária mais agressiva.”
Estreia
Essa foi a primeira reunião de decisão da taxa de juros desde que Jerome Powell assumiu a presidência do Fed, no início de fevereiro. Em sua primeira entrevista coletiva no cargo, Powell afirmou não conhecer nenhum fator específico que possa levar o banco a elevar os juros quatro vezes neste ano. “Fizemos uma decisão sobre política monetária nesta reunião e cada decisão do Fed observa condições e projeções econômicas”, comentou. “As condições da economia podem ficar mais fracas e mais fortes e as previsões acompanham esta evolução.”
O presidente do Fed afirmou ainda que a inflação nos EUA caminha em direção ao objetivo de 2% no médio prazo. “Buscamos levar a inflação à meta de forma simétrica, em alguns momentos pode ficar acima ou abaixo dela”, comentou. Por enquanto, tanto a inflação global quanto a inflação para outros itens além de alimentos e energia “continua abaixo de 2%”, segundo informou o Fed.
Para Powell, as perspectivas econômicas para o país são positivas, pois o mercado de trabalho está forte e há um cenário mais favorável para o nível de atividade, o que levou o Federal Reserve a elevar sua previsão para o PIB americano de 2,5% para 2,7% em 2018, e de 2,1% para 2,4% no próximo ano. Para 2020, a estimativa foi mantida em 2,0%.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.