O Federal Reserve (Fed, o BC americano) elevou ontem sua taxa de juros para 3,5% ao ano. Foi o décimo aumento consecutivo da taxa básica de juros nos EUA desde que o atual ciclo de altas começou em junho de 2004, quando a taxa do banco estava em 1% ao ano.
O banco vem elevando seus juros desde então, para conter ameaças de surtos inflacionários no país. A ação tem dado resultados positivos. Em junho, um ano após o início das altas de juros, a inflação no país ficou estável. Mesmo o aumento no núcleo da inflação, que exclui os preços de energia e alimentos, registrou alta moderada em junho, 0,1%, mesmo percentual de variação registrado em março.
A inflação ao consumidor acumulada neste ano, no entanto, já registra alta de 3,1%. Em todo o ano de 2004, a inflação ao consumidor foi de 3,3%.
Os preços da energia tem tornado a tarefa do Fed mais difícil. Em março deste ano, a inflação ao consumidor foi de 0,6%, impulsionada principalmente pelos custos da energia, que subiram 4%. Em abril, a inflação recuou um pouco, mas os preços da energia pressionaram mais, com um aumento de 4,5%.
Analistas dizem que, com os preços da energia nos EUA afetando a inflação, impulsionados pela alta do petróleo (que já chegou ao patamar de US$ 64), e com o desempenho que a economia americana vem apresentando, o ciclo de alta de juros no país pode não estar ainda perto do fim.
O PIB (Produto Interno Bruto, soma de toda a riqueza produzida por um país) dos EUA cresceu a uma taxa anualizada de 3,4% no segundo trimestre deste ano. O índice de inflação ligado ao cálculo do PIB, por sua vez, mostrou um crescimento de 3,3% no segundo trimestre, contra os 2,3% registrados na medida do PIB do primeiro trimestre.
O presidente do Fed, Alan Greenspan, disse em seu testemunho ao Congresso, no mês passado, que os juros nos EUA devem continuar a subir, com o cenário de sólido crescimento econômico do país e alertou para ?incertezas significativas? que os altos preços de energia representam para a economia. ?Esse cenário, em geral favorável, no entanto, tem incertezas significativas que alertam para um escrutínio cuidadoso?, disse Greenspan.
Na sexta-feira, outro dado, visto como positivo por economistas e investidores, foi recebido com reservas. Foram criados 207 mil empregos nos EUA em julho, maior número desde fevereiro, quando surgiram 300 mil novos empregos no país. Além disso, o desemprego no país se manteve em 5% no mês passado, mesmo patamar de junho.
O mercado de trabalho é justamente um dos setores da economia americana que mais lentamente vinha refletindo os avanços dos últimos meses. Com mais empregos, o consumo deve aumentar, o que pode criar novas pressões inflacionárias, mantendo o Fed neste rumo de ação ainda por alguns meses, segundo analistas.