O Federal Reserve (Fed, o BC americano) aumentou seus juros ontem em mais 0,25 ponto percentual, elevando a taxa para 3% ao ano. Foi a oitava elevação desde junho do ano passado, quando os juros do banco estavam em 1% ao ano. A medida do Fed visa conter pressões inflacionárias no país. Os preços ao consumidor norte-americano subiram 0,6% em março, puxados para cima principalmente pelos aumentos nos preços da energia nos EUA. O aumento foi o maior desde outubro do ano passado, quando também registrou alta de 0,6%.
O núcleo da inflação – que exclui os preços de alimentos e energia – registrou aumento de 0,4%, contra 0,3% registrado em fevereiro e, no primeiro trimestre deste ano, a inflação subiu a uma taxa anualizada de 4,3%, já superando em um ponto percentual o registrado em todo o ano de 2004, 3,3%.
Os preços do petróleo estão na base do aumento da inflação. Os preços da gasolina registraram forte alta devido ao preço da commodity, que chegou a US$ 56 em março. Como em abril o barril do petróleo chegou a US$ 58, pode ser que a inflação continue a incomodar. O Fed já havia reconhecido na ata da reunião do mês passado que os preços tendem a continuar em alta por algum tempo.
?Muitos participantes indicaram que sua incerteza sobre a intensidade das pressões inflacionárias aumentaram (…) e que, em particular, a distribuição dos possíveis resultados da inflação tendem um pouco para cima?, diz o documento.
Mesmo considerando que a inflação segue, apesar de tudo, ?contida?, os responsáveis pela política monetária americana estimaram então que os juros terão de continuar subindo por um período maior que o previsto.
Por outro lado, o Fed tem evitado tomar uma atitude agressiva e elevar os juros em mais de 0,25 ponto percentual por reunião porque a economia americana vem colecionando uma série de indicadores negativos.
No primeiro trimestre de 2005, o PIB norte-americano apresentou expansão anualizada de 3,1%, o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2003. A expansão dos gastos dos consumidores caiu de 4,2% no quarto trimestre de 2004 para 3,5% no primeiro trimestre de 2005, e os investimentos produtivos retrocederam de 14,5% para 4,7%.
Uma forte alta de juros poderia comprometer ainda mais o crescimento da economia. Além disso, já se fala nos mercados financeiros que os EUA podem ter entrado em outro período de ritmo lento de expansão.
Em junho do ano passado, a taxa do banco estava em 1% ao ano (nível mantido por um ano), menor desde 1958. Desde então, o Fed realizou sete reuniões e em todas os juros subiram 0,25 ponto percentual, e com o aumento de ontem, a taxa já acumula alta de 2 pontos percentuais.