A decisão do Fed, o Banco Central norte-americano, de deixar os juros perto de zero mantém a incerteza nos mercados globais e não deve provocar a volta rápida de recursos para economias emergentes, como o Brasil. A avaliação é do presidente de mercados emergentes da Franklin Templeton, Mark Mobius. “O problema da decisão do Federal Reserve é que cria um monte de incerteza no mercado. As pessoas não sabem quando o próximo movimento será. Teria sido melhor que o Fed tivesse subido os juros”, disse, em entrevista por telefone de Macau ao Broadcast, o serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

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O gestor de fundos, com cerca de US$ 38 bilhões sob gestão em mercados emergentes, afirmou não esperar um fluxo grande e rápido para economias como o Brasil. “Talvez no meio do ano que vem, quando já se souber mais claramente sobre (a atuação do) Fed”, disse.

Mobius argumentou que a carga tributária no Brasil é muito alta, assim como a burocracia muito pesada. Ele afirmou ainda que, caso seja criada, a CPMF será muito prejudicial à economia.

Sobre a Bolsa de Valores brasileira, Mobius observou que o Ibovespa caiu cerca de 70% em dólar desde 2010, o que poderia gerar oportunidades. Entretanto, o valuation (avaliação das empresas) da Bolsa no Brasil não caiu tanto. Ele acredita que esse indicador pode vir a melhorar se o governo realizar reformas que resolvam problemas como a burocracia e, especialmente, a situação tributária.

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Segundo ele, a Franklin Templeton tem quase US$ 1 bilhão na bolsa brasileira. “É a maior posição que temos entre emergentes”, afirmou. Na avaliação de Mobius, o rebaixamento do Brasil já estava precificado antes mesmo da decisão da Standard & Poor’s, e um downgrading da Moody’s e da Fitch já está no preço dos ativos.

Sobre a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Mobius respondeu que não seria um problema, porque a questão não é só a presidente. Argumentou que o Congresso precisa mudar seu comportamento. “Isso vai levar muito mais tempo”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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