Fed deve elevar juros dos EUA depois de 4 anos

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) deve anunciar amanhã o aumento da taxa básica de juros norte-americana, hoje em 1% ao ano (a menor em mais de 40 anos). Se confirmada, será a primeira elevação em quatro anos. Segundo levantamento feito com 21 grandes empresas negociadoras de títulos, que operam diretamente com o Fed, todas disseram esperar uma elevação dos juros ao fim da reunião do Fomc (o comitê de política monetária da instituição), que começa hoje.

A dúvida reside na intensidade da elevação. Embora a maioria dos analistas acredite em uma alta de 0,25 ponto percentual, outros dizem que não seria uma surpresa um aumento da taxa para 1,5%.

Os juros começaram a cair em janeiro de 2001, até chegar à atual taxa de 1%. A medida visava estimular o consumo e aquecer a economia dos EUA, que vinha de um período de breve recessão. Agora, há um temor de que o dinheiro esteja barato demais, provocando pressão inflacionária.

O presidente do Fed, Alan Greenspan, ao longo das últimas semanas, disse que estava preparado para tomar qualquer medida necessária para ?atingir a estabilidade dos preços e garantir o máximo crescimento sustentado? dos EUA. Mas também deu indícios de que o processo de elevação dos juros tenderá a ser gradual.

Greenspan é o presidente do Fed há 17 anos e acabou de tomar posse para seu quinto mandato – ele deverá deixar o cargo em 31 de janeiro de 2006. À frente do Federal Reserve, ele já atravessou duas recessões, três guerras, um ?crash? da Bolsa de Valores, uma bolha acionária e os ataques terroristas de 11 de setembro.
Greenspan agora enfrenta um dilema novo. A grande questão não é mais se a taxa vai subir, mas quanto e com que rapidez.

Alguns especialistas acreditam que haja um componente político por trás das decisões do Fed. Em novembro, acontecerão as eleições presidenciais americanas. Os dois principais candidatos são o atual presidente, George W. Bush (republicano), e John Kerry (democrata).

Na última sexta-feira, o Departamento de Comércio revisou para baixo a taxa de crescimento (anualizada) do país no primeiro trimestre, passando-a de 4,4% para 3,9%. Índices recentes têm mostrado pressão na inflação do país – atribuída pelas autoridades à variação do petróleo no mercado internacional.

A possibilidade de uma elevação mais agressiva dos juros pode ter um efeito secundário – a atração de dinheiro para os títulos do Tesouro dos EUA, que passarão a ser mais atrativos, com risco nulo.

Isso pode provocar uma saída de recursos alocados para países emergentes – como o Brasil. De acordo com analistas ouvidos pelo jornal Financial Times, porém, o aumento da taxa de juros nos EUA já está ?precificada?, ou seja, já influenciou a decisão dos gestores de recursos.

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