A polêmica sobre o rumo da taxa básica de juros brasileira (Selic) voltou a agitar o meio econômico nas últimas semanas. Nesse ambiente, qualquer informação relevante passa a servir de argumento tanto para aqueles que defendem novas reduções da Selic quanto para os que entendem que o Banco Central (BC) deve interromper o ciclo de cortes. A diminuição além da esperada do juro nos EUA, terça-feira, animou os que apostam que o BC tem espaço para derrubar mais a taxa básica.
O argumento é o de que a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve fazer com que o real retome a tendência de valorização ante o dólar, o que contribuiria para a desaceleração da inflação. Ontem, o dólar caiu 0,43%, para R$ 1 869, valor mais baixo desde 25 de julho, um dia depois da deflagração da crise global. Essa nova rodada de alta do real ocorreria, em primeiro lugar, porque o juro mais baixo nos Estados Unidos tem levado investidores a sair de aplicações atreladas ao dólar, o que desvaloriza a moeda – é, portanto, uma tendência global.
A outra razão é que o arrefecimento da turbulência internacional tende a levar os investidores para aplicações mais arriscadas. O Brasil, como país emergente, é um candidato natural a receber dinheiro, pois ainda tem um dos juros básicos mais elevados do planeta e porque está à beira de receber o grau de investimento (classificação dada pelas agências de risco a emissores de títulos com baixa probabilidade de dar calote).