A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) acredita que a alta recorde do preço internacional do barril de petróleo – que atingiu pela primeira vez US$ 100 – não exercerá pressão imediata na inflação e nos preços praticados pelo varejo.
A análise da entidade está baseada em três pontos principais. Primeiro porque, no Brasil, o preço da gasolina na bomba não é 100% livre, uma vez que a Petrobras, que detém o monopólio, controla os preços de forma que os ajustes não sejam repassados automaticamente. Segundo, embora a alta nos preços do barril de petróleo tenha sido recorde, a valorização do real frente ao dólar também é expressiva, o que atenua o efeito do aumento. Finalizando, em relação às contas externas, o reflexo é nulo uma vez que o Brasil é auto-suficiente na produção de petróleo e não figura nem como importador nem como exportador.
Dessa forma, os efeitos podem ocorrer de forma bastante indireta, seguindo a seguinte lógica. O aumento dos preços do petróleo afeta diretamente as economias que consomem muita energia e importam esses recursos. O caso mais extremo é o dos Estados Unidos que são os maiores consumidores e importadores de petróleo. Justamente, nesse momento, a economia americana enfrenta um início de desaceleração cujo efeito pode ser mais drástico uma vez se adicionado a eventos como a alta recorde do petróleo. Certamente uma recessão mais profunda nos Estados Unidos mudaria as projeções de crescimento global. Por enquanto, os analistas trabalham com a hipótese de ajuste moderado e gradual na economia americana, mesmo contabilizando-se o preço do petróleo, mas é preciso monitoramento constante das variáveis relevantes como essa.
Diante desse quadro, o efeito da alta recorde no preço do barril de petróleo poderá vir a longo prazo, mas de uma forma que não irá pressionar de forma expressiva os preços dos combustíveis e, conseqüentemente, dos demais produtos e serviços.