O número de consumidores na cidade de São Paulo com algum tipo de dívida atingiu a faixa de 55% neste mês, contra 50% em março, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada hoje pela Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio-SP). Em abril do ano passado, o indicador estava em 49%. De acordo com a entidade, o aumento do endividamento das famílias foi influenciado pelas despesas típicas de início de ano, principalmente com IPTU.
A crise financeira internacional, juntamente com o avanço do desemprego e o recuo no rendimento médio dos trabalhadores, foram responsáveis pelo aumento do número de consumidores com contas em atraso. Segundo a Fecomercio, em abril, este porcentual atingiu 22%, contra 19% em março deste ano e 17% em abril de 2008. O levantamento mostrou que o cartão de crédito continua sendo o principal tipo de dívida dos paulistanos, atingindo 60% dos consumidores em abril, contra 40% em março. Em seguida, ficaram os carnês, com 39% do total; o crédito pessoal, com 11%; o financiamento de carro, com 9%; o cheque especial, com 7%; o cheque pré-datado, com 6%; o financiamento de casa, com 3%; e o crédito consignado, com 3%.
Segundo o levantamento, 60% dos consumidores com renda de quatro a dez salários mínimos estão endividados; 58% dos consumidores com até três salários mínimos estão com dividas; e 39% dos consumidores com rendimento superior a dez salários mínimos estão endividados. A pesquisa mostrou que os consumidores com renda de até três salários mínimos são os que possuem mais contas em atraso, atingindo a faixa de 28%. Já entre os que recebem entre quatro e dez salários mínimos, o porcentual com contas em atraso atinge 22%, e entre os que ganham mais de dez salários mínimos, 9%.
A Fecomercio calculou que o potencial de inadimplentes, que representa a quantidade de consumidores que acreditam não ter condições de pagar suas dívidas nos próximos meses, oscilou de 5% em março para 6% em abril. Segundo a Fecomercio, 33% dos consumidores endividados ficam com sua renda comprometida em até três meses; 23%, de três a seis meses; 12%, de seis meses a um ano; e 32%, acima de um ano.
“Neste mês, 89% dos consumidores entrevistados informaram que não planejam contratar qualquer tipo de financiamento nos próximos meses, o que demonstra cautela para a aquisição de novas dívidas, seja para compras ou até mesmo para pagar outras dívidas”, afirmou Kelly Carvalho, economista da Fecomercio.
“Para os próximos meses, os indicadores de endividamento continuam sendo condicionados aos impactos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira, principalmente sobre as variáveis de emprego e renda”, acrescentou a economista.