Mesmo com os esforços do governo para reduzir os efeitos da crise no País, o faturamento das empresas brasileiras caiu 6,3% no primeiro semestre de 2009, já descontada a inflação, na comparação com igual período do ano passado. Os dados foram divulgados hoje pela Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito. No estudo, foram analisadas as demonstrações contábeis de mil empresas que atuam na indústria, no comércio e no setor de serviços.
De acordo com os técnicos da Serasa, os números mostram que o comércio foi o único setor a apresentar crescimento real no faturamento, de 2,7%. O desempenho foi puxado pelos bens de consumo não duráveis, principalmente alimentos, que são menos dependentes do crédito. Empresas que atuam com bens duráveis, mais dependentes de financiamentos, apresentaram retração em suas receitas.
Já o setor de serviços apresentou um recuo de 4,1% em seu faturamento, nos primeiros seis meses de 2009. O segmento de energia elétrica registrou retração de 7,6%. Segundo a Serasa, com o agravamento da crise no Brasil, a redução da produção industrial levou à queda do consumo de energia elétrica, prejudicando o desempenho das prestadoras de serviços.
No caso do segmento de telefonia fixa, houve queda de 5,4% no faturamento das empresas. Conforme o estudo, a redução ocorreu porque muitos clientes trocaram o telefone fixo pelo celular. Além disso, as companhias de telefonia fixa adotaram estratégias agressivas de descontos para fidelização de clientes, o que contribuiu para a queda do faturamento no período.
Indústria
A indústria foi a mais atingida pela crise econômica no primeiro semestre, conforme o estudo da Serasa. As vendas do setor apresentaram queda de 12% no período, em comparação com o primeiro semestre do ano passado. Este é o pior desempenho desde o início da série histórica, em 2000.
A exceção foi a indústria de alimentos, que apresentou leve alta de 0,2% no faturamento. Os segmentos mais afetados pela crise foram os de siderurgia, química e fertilizantes. De acordo com a Serasa, os três segmentos passaram pela deterioração do preço médio de vendas nos primeiros seis meses do ano. No caso da siderurgia, os ganhos também foram prejudicados pelo menor volume de vendas e pelos efeitos do câmbio sobre a exportação.
Na conclusão do estudo, os técnicos da Serasa ressaltaram que o primeiro semestre foi “economicamente conturbado”. Para reverter este quadro, “o governo adotou políticas anticíclicas (cortes de impostos, reduções de juros e medidas de estímulo ao crédito) que, aliada ao comprometimento das empresas”, contribuíram para recolocar o País “no início de um novo ciclo de crescimento”.