A deterioração do clima econômico na América Latina no trimestre encerrado em julho em relação ao período imediatamente anterior se deve a problemas domésticos enfrentados pelos países da região, avaliou a Fundação Getulio Vargas (FGV), que divulgou nesta quarta-feira, 13, a Sondagem da América Latina. O Indicador de Clima Econômico (ICE) recuou 7,0%, para 84 pontos, o menor patamar desde julho de 2009.

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A pesquisa, realizada pela FGV em parceria com o instituto alemão Ifo, incluiu um quesito especial na edição do trimestre até julho sobre a questão entre Ucrânia e Rússia. Segundo a instituição, os especialistas ao redor do mundo avaliaram que o acirramento recente dos problemas na Ucrânia impõe um risco considerável de elevação do preço de energia no futuro próximo, com potenciais efeitos negativos sobre o clima econômico. “Na América Latina, contudo, os especialistas entrevistados não avaliaram este ponto como um fator adicional de risco. Logo, a piora do ICE na região latina é decorrente de problemas domésticos”, observou a FGV.

No Brasil, o ICE recuou 22,5%, para 55 pontos. “A avaliação da situação atual vem se deteriorando desde janeiro, com piora nas expectativas e na avaliação da situação econômica em geral”, observou a FGV. Na edição anterior da sondagem, referente a abril, a instituição já havia destacado que falta de competitividade internacional, falta de confiança no governo, inflação, déficit público e falta de mão de obra qualificada eram apontados como os principais entraves para o crescimento econômico do Brasil.

Com o resultado, o Brasil ficou por mais um trimestre abaixo da Argentina, cujo ICE recuou 24%, para 57 pontos. “A situação na Argentina pode ser explicada pela crise econômica e pelas incertezas trazidas pelos problemas enfrentados na renegociação da dívida externa com os chamados ‘Fundos Abutres'”, explicou a FGV.

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O ICE da América Latina é ponderado pela participação dos países na corrente de comércio (soma de exportações e importações). Dos cinco principais, apenas o México teve melhora no clima econômico, numa “provável consequência” da recuperação da economia dos Estados Unidos no período, país que responde por 80% da corrente de comércio mexicana. Por outro lado, Venezuela e Chile figuraram ao lado de Brasil e Argentina entre os que contribuíram para a piora no ICE. “Brasil, Argentina e Venezuela mantiveram suas posições no ranking das piores médias do ICE nos últimos quatro trimestres”, destacou a FGV.