Fatores domésticos são maior causa da recessão no Brasil, diz FMI

Depois de reduzir as previsões de crescimento para o Brasil, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou novo documento na tarde desta quarta-feira, 7, em que afirma que, apesar de fatores externos explicarem parte da recessão no país, são os problemas domésticos brasileiros os maiores responsáveis pela contração da economia em 2015 e 2016, de acordo como o Panorama Econômico Regional, que destaca a crise política, a corrupção na Petrobras e o julgamento das pedaladas fiscais pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

“Enquanto fatores externos, tais como a deterioração dos preços das commodities, explicam parte da piora da atividade (no Brasil), fatores domésticos são os maiores responsáveis”, afirma o relatório do FMI.

O documento ressalta que o Brasil entrou em 2014 com grandes desequilíbrios macroeconômicos, originados do diagnóstico do governo da presidente Dilma Rousseff de que a desaceleração da economia em 2010 era causada pela falta de demanda doméstica.

O FMI recomenda que o Brasil continue, “sem atrasos”, com os esforços de consolidação fiscal para estabilizar a dívida pública ao mesmo tempo em que o Banco Central age para conter pressões inflacionárias. O relatório ressalta que a política monetária apertada, ou seja, de juros altos, deve prosseguir no País para trazer a inflação de volta para a meta do governo. “O foco da política macroeconômica no Brasil deve ser aumentar a credibilidade e resolver estrangulamentos na infraestrutura.”

Com a inflação acima da meta do BC e a deterioração fiscal, o governo “apropriadamente” mudou sua estratégia de política econômica em direção a juros mais altos e ajustes de preços administrados, para evitar um estouro de preços e começou um ajuste fiscal, de acordo com o relatório.

Ao mesmo tempo em que a equipe econômica tentava fazer o ajuste, uma “séria crise” política se instalou em Brasília, influenciada por três fatores. As investigações de corrupção na Petrobras, envolvendo denúncias de irregularidades em outras companhias que trabalhavam com a petroleira e políticos; a revisão das contas fiscais do governo pelo Tribunal de Contas da União (TCU); e alegações de financiamento irregular da campanha presidencial de 2014.

“A interação da crise econômica e política alimentou incertezas e levou a confiança empresarial e do consumidor para mínimas históricas”, de acordo com o documento, destacando que a permanência dos indicadores nesses patamares ajudam a piorar ainda mais as perspectivas para a economia brasileira.

Ao mesmo tempo, a deterioração da atividade além do previsto piorou a arrecadação do governo e levou a presidente Dilma Rousseff a reduzir as metas de superávit primário, o que contribuiu para o país perder a classificação grau de investimento na Standard & Poor’s (S&P) e os prêmios de risco da dívida soberana do País subirem. O FMI prevê que a deterioração fiscal deve continuar e o governo só vai conseguir superávit primário em 2017.

O relatório do FMI ressalta ainda que o mercado de trabalho brasileiro vem se deteriorando rapidamente. A previsão do Fundo é que a taxa de desemprego do Brasil deve ficar em 6,6% este ano e 8,6% em 2016.

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