Brasil e China deverão inverter os papéis ao longo da década à medida que o país sul-americano dá maior peso às exportações e à modernização de sua infraestrutura como vetores de crescimento e o gigante asiático desenvolve o seu mercado consumidor interno, segundo avaliação do estrategista-chefe do Banco Fator, Paulo Gala. Esse cenário, afirmou o executivo, vai proporcionar oportunidades interessantes a investidores fundamentadas em desvalorização cambial, subida de juros e preços atrativos na Bovespa.
“Haverá uma espécie de inversão de papéis entre Brasil e China nos próximos anos e quem entender esse momento poderá ganhar dinheiro tanto na renda fixa quanto na renda variável”, disse Gala, durante e evento Perspectivas & Estratégias 2014, do Banco Fator.
De acordo com o estrategista, o Brasil passou por um período de forte crescimento decorrente do destravamento do crédito, mas essa situação provocou desequilíbrio entre bens comercializáveis e serviços em relação à participação dos setores dentro do Produto Interno Bruto (PIB). “O reequilíbrio será conduzido pelo câmbio e esse movimento deve ser a marca da economia do País nos próximos anos”, afirmou, durante palestra no evento.
Em relação às exportações, Gala destacou a desaceleração da economia chinesa com consequente queda da demanda por commodities e, portanto, recuo de preços de produtos agropecuários e minerais. “Nesse mundo novo o Brasil não mais conseguirá sobreviver à base de commodities”, afirmou.
As oportunidades de investimentos decorrentes de todo esse cenário, na opinião de Gala, se darão por meio de três pilares: câmbio, juros e ações na Bolsa de Valores. Na análise do estrategista, a desvalorização cambial “veio para ficar” e, inclusive, rendeu bons frutos para quem investiu neste tipo de aplicação em 2013 – segundo ele, uma das melhores do ano passado. Sobre investimentos em renda fixa, Gala disse que poucos países do mundo oferecem uma rentabilidade tão alta quanto o Brasil.
No caso de investimentos em renda variável, o estrategista do Banco Fator afirmou que a Bovespa apresenta atualmente preços atrativos para muitas das ações negociadas e o potencial de crescimento está naquelas ligadas ao setores de infraestrutura e educação, além das empresas com exposição ao câmbio. “Não tenho nenhuma dúvida de que a Bolsa vai voltar a subir quando o resultado do desenvolvimento da infraestrutura brasileira impactar positivamente nos balanços das companhias”, disse.