Rio – Os vilões da inflação no primeiro semestre do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foram as tarifas ou os combustíveis. O produto que mais encareceu foi a farinha de mandioca, alimento básico na mesa do nordestino. O aumento foi, segundo o IBGE, de 44,3% no período. O quilo está custando hoje, em média, R$ 1,70.
No início do Plano Real, o produto custava de R$ 0,35 a R$ 0,50. A causa principal do salto no preço foi a quebra de safra nas zonas produtoras do Nordeste, região que concentra o maior consumo no País. Apesar de o peso ser pequeno na inflação, a farinha destacou-se entre os itens que mais contribuíram para a alta de 9,37% no grupo alimentação, no IPC do IGP-M.
Pesaram também no bolso do consumidor os aumentos acima de 10% de, pelo menos, 11 produtos da cesta básica. Entre eles, café (25%), ovos (23,8%) e arroz (20,3%). No setor de limpeza, marcado por reajustes expressivos em 2002 por causa do dólar, os vilões este ano foram sabão em barra (27%) e em pó (16,8%). Para atenuar o impacto das altas, as donas de casa trocam de marcas e reduzem as quantidade. É o que tem feito Sebastiana de Oliveira, que já cortou refrigerantes e pescado.
– As contas de luz e telefone subiram muito. Mas o que pesa mesmo é a comida – disse ela.
IGPM
Dos seis grupos que compõem o Índice Geral de Preços ao Consumidor (IPC) do IGP-M, o de alimentação foi o que registrou a maior alta no semestre. Mesmo com a baixa do dólar, o índice chegou a 9,37%, ficando acima do grupo transportes, que inclui tarifas de ônibus e combustíveis e subiu 7,75% no período. No caso da gasolina, os preços até recuaram em 3,7% este mês.