O nível de endividamento das famílias paulistanas diminuiu em setembro, depois da forte alta registrada em agosto. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), o endividamento registrou queda de 4 pontos porcentuais em setembro, baixando dos 49% para 45% das famílias. Em agosto, o indicador havia registrado alta de 3 pontos porcentuais em relação a julho (de 46% para 49%). Em comparação com setembro de 2008, quando o índice estava em 53%, a redução foi de 8 pontos porcentuais.
Além do endividamento menor, o balanço da Fecomercio-SP aponta recuo da inadimplência em setembro. O total de famílias com dívidas atrasadas baixou de 19% em agosto para 18%. Também houve retração no número de famílias que acreditam não ter condições de pagar suas contas nos próximos meses – de 8% em agosto para 7% em setembro.
Na avaliação da entidade, o resultado revela que os desdobramentos da crise financeira mundial estão pesando menos no bolso das famílias. “Em agosto e setembro, houve elevação da massa real de salários, aumento do prazo médio de financiamento ao consumidor e redução das taxas de juros”, ressalta Adelaide Reis, economista da Fecomercio-SP. “Esses fatores positivos têm levado as famílias a quitar dívidas.”
A Fecomercio-SP também abordou os consumidores quanto à expectativa de fazerem dívidas nos próximos meses. Do total de pessoas consultadas, 89% afirmam que não pretendem tomar financiamento no curto prazo, queda de três pontos porcentuais ante agosto (92%). Em contrapartida, houve crescimento no total de consumidores que planejam comprar a prazo: 10% dos entrevistados em setembro, frente aos 7% registrados em agosto.
De acordo com Adelaide Reis, a expectativa é de que as famílias voltem a consumir depois da ressaca causada pela recessão mundial. “A propensão a consumir está em alta. Os consumidores estão confiantes.” A economista, contudo, alerta para os riscos do crescimento da inadimplência nos próximos meses. “O consumidor acaba abusando em compras no cartão de crédito. Tanto a queda da qualidade do crédito como o aumento dos prazos de pagamento da fatura do cartão devem elevar o nível de inadimplência”, ressalta.
A avaliação da economista deve-se ao fato de as dívidas com cartão de crédito terem sido em setembro as mais recorrentes nas famílias paulistanas. Do total de contas não quitadas no período, 65% foram assumidas no cartão, seguida pelas dívidas no carnê (38%), crédito pessoal (11%) e cheque especial (9%).
O balanço da Fecomercio-SP ainda indica alta no total de famílias com dívidas atrasadas há mais de 90 dias, que passou de 45%, em agosto, para 49%, em setembro. “Para os próximos meses, permanece a recomendação de atenção, já que pode haver aumento do endividamento familiar”, reafirma Adelaide.
O balanço da Fecomercio-SP coleta dados junto a cerca de 1.360 consumidores no município de São Paulo. São contabilizadas as dívidas com pelo menos um dia de atraso.