Foto: Arquivo/O Estado

Obter um trabalho depois dos 50 anos é difícil.

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou um aumento de 2% no número de pessoas empregadas com mais de 50 anos. Porém o dado referente apenas ao período compreendido entre agosto e setembro mascara a dura realidade de mercado enfrentada por quem já atingiu a maturidade.

Segundo o economista Rui Costa, na análise de dados empregatícios, levar em conta apenas um mês de análise é perigoso. ?A oferta de empregos é muito sazonal, de modo que o ideal é analisar períodos mais longos. E nessa avaliação, podemos ver que a oferta de empregos para quem já passou dos 50 anos não é boa?, explica.

Com base em dados repassados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), referentes ao período de janeiro a setembro deste ano, ele comprova que as admissões de pessoas com mais de 50 anos foi de 554.532 em todo o Brasil, enquanto para trabalhadores entre 25 e 39 anos foi de 4.719.443. A diferença é de 4.164.911. ?É uma questão cultural. Para a maioria dos empregadores, vale mais a pena contratar trabalhadores mais jovens, que ganham salários bem menores?, opina Rui. Segundo o economista, mesmo que os projetos de lei que prevêem incentivos fiscais aos empregadores que contratarem trabalhadores acima de 50 anos sejam aprovados, dificilmente o quadro mudará. ?Os empregadores só mudarão o sistema caso eles tenham realmente vantagens comprovadas. E a adaptação do sistema não é fácil, requer tempo?, diz. No Paraná, de 2005 para este ano, houve um pequeno aumento das contratações de trabalhadores acima de 50 anos. Foram 2.107 trabalhadores nesta faixa etária admitidos a mais no último ano, fechando um total de 38.509. ?Isso pode parecer muito, mais em universo de 719.632 trabalhadores, é bem pouco?.

A gerente de atendimento ao cliente da empresa de Recursos Humanos RH Center, Ariane Woehl, confirma que para a área operacional, as ofertas de vagas para quem já passou dos 50 anos é mínima. ?Quando falamos em área operacional, falamos de funções mais básicas, que não exigem muita bagagem. Esse perfil permite o pagamento de salários menores?, diz a gerente. Outra alegação das empresas pra a contratação de pessoas mais jovens é a possibilidade de moldá-las conforme o perfil da empresa. ?Quem tem mais experiência, geralmente tem mais vícios e a empresas preferem desenvolver o potencial do trabalhador dentro da própria empresa?.

Diferencial

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Mas nem tudo está perdido para os profissionais que já passaram dos 50 anos. Na área empresarial, os anos a mais podem contar pontos importantes quando o assunto é alta cúpula empresarial.

Segundo o consultor Fernando Denoyé, da De Bernt Entchev, para cargos de diretoria e gerência, a experiência e um currículo rico são decisivos. ?Empresas familiares dão preferência para pessoas com mais de 50 anos. Em multinacionais, essa faixa etária decresce um pouco, ficando na faixa entre 40 e 50?, explica. Como são cargos de responsabilidade, já que um profissional de diretoria comanda grandes grupos de funcionários, esses profissionais costumam ganhar salários condizentes com o gabarito que possuem. Não é à toa que nos registros da Caged, os profissionais acima dos 50 anos costumam aparecer com remuneração bem acima da média nacional, que é de R$ 600,00.

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