Falta investimento em nanotecnologia

Medicamentos mais eficientes que os convencionais que, em doses menores, são melhor absorvidos pelo organismo, reduzindo os efeitos colaterais; cosméticos que trazem em sua composição nanopartículas capazes de bloquear o efeito dos raios ultravioletas; e uma madeira autolimpante, não-molhável e resistente ao ataque de fungo. Embora com aplicações diferentes, estes três produtos têm uma coisa em comum: são resultados da nanotecnologia, por meio da qual se manipula a matéria em nível molecular.

O especialista no assunto, Fernando Galembeck, professor da Unicamp e presidente da Sociedade Brasileira de Microscopia e Microanálise, disse ontem, em Curitiba, que a nanotecnologia não é coisa do futuro. “É presente. Já está acontecendo”, destacou. Convidado pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), por meio da Rede de Tecnologia (Retec), Galembeck falou a uma platéia de empresários, professores, pesquisadores e estudante sobre “A Nanotecnologia e seus Impactos no Setor Industrial”.

Segundo Galembeck, em todo o mundo este mercado deve movimentar US$ 1 trilhão nos próximos 10 anos e gerar 2 milhões de postos de trabalho. De acordo com o especialista, neste setor quem inova cresce, mas quem não acompanha a evolução pode ser punido com a perda de mercado já que o avanço da nanotecnologia está tornando muitos produtos obsoletos.

Mesmo já estando presente em muitos itens consumidos pelos brasileiros, a indústria nacional ainda não se voltou para esta área. Dos 231 produtos patenteados no Brasil como resultados da nanotecnologia, apenas 19 são de inventores brasileiros. Os demais foram todos desenvolvidos fora do País. Dos 19 produtos nacionais patenteados, 11 são de instituições públicas de pesquisa, três de empresas privadas e cinco de pessoas físicas. A maior parte dos produtos consumidos é proveniente das indústrias químicas, siderúrgicas e de cosméticos. Há ainda pouca participação de produtos patenteados no Brasil provenientes dos setores eletroeletrônico e farmacêutico.

Apesar do pouco desenvolvimento do Brasil nesta área, o professor acredita que o País tem tudo para avançar na nanotecnologia nos próximos anos. “Temos capital humano qualificado e infra-estrutura de pesquisa para isso”, afirma.

Para Gina Paladino, diretora executiva do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), instituição do Sistema Fiep que coordena a articulação do meio acadêmico com o setor industrial, a nanotecnologia nos próximos anos vai representar o que foi a biotecnologia nas décadas de 80 e 90. Segundo ela, o Sistema Fiep está preocupado em antecipar as demandas das indústrias e, por isso, busca avançar nas fronteiras do conhecimento. “Através da Rede de Tecnologia Retec o Sistema Fiep não apenas responde as demandas imediatas do cotidiano das empresas como se prepara para atendê-las na busca do avanço tecnológico, onde a nanotecnologia está inserida”, destaca.

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