O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, reconheceu ontem, em Curitiba, onde fez palestra a empresários, que a “estrutura brasileira não estava preparada para recordes de safra e também para o crescimento de exportação de cargas gerais”. Por isso, na atual safra, poderão ser tomadas apenas medidas emergenciais. Investimentos mais expressivos seriam possíveis só na próxima colheita.
Com o intuito de preparar-se para o escoamento da safra, Furlan visitará hoje o Porto de Paranaguá para conversar com a direção e com exportadores. “É um porto estratégico, o maior escoador da safra de grãos. Nossa preocupação é que consiga operar com eficiência”, afirmou.
Segundo ele, a inspeção no local é uma orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois da visita, ele deve conversar com o governador Roberto Requião. Um dos gargalos do escoamento de grãos é a proibição do governo estadual de exportar produtos transgênicos por Paranaguá. “Há uma preocupação de que a determinação do governo do Estado possa fazer com que o ritmo de escoamento fique mais lento”, ponderou.
Segundo ele, o setor privado está apontando uma alternativa. “O governo poderia colocar uma margem de tolerância como a União Européia, que aceita até 0,9% de transgenia”, disse.
“Não queremos que os produtores sejam onerados, como já está acontecendo hoje”, afirmou Furlan. Segundo ele, será necessário melhorar toda a logística de produção. “Daqui a pouco o desafio não será produzir nem vender, mas entregar”, lamentou. “O produtor está pagando pela ineficiência do sistema.”
Propostas
Ontem os empresários entregaram ao ministro uma série de propostas para melhorar o setor. Eles pedem facilidades de acesso ao crédito, redução dos custos de exportação, desburocratização dos trâmites pela Receita Federal e a regulamentação da legislação, com registro específico para cada produto destinado ao exterior. Os industriais paranaenses pediram ainda incentivo aos Arranjos Produtivos Locais, para fortalecimento da pequena e média empresas, e o desenvolvimento de plataformas de negócios com mercados definidos e a capacitação técnica das embaixadas brasileiras.
“Todas estas questões estão dentro das preocupações do governo, assim como a melhoria da infra-estrutura logística, para que possamos diminuir o custo-Brasil”, afirmou o ministro. Para a Fiep, a interferência do governo federal pode alavancar as exportações paranaenses entre 10% e 50%, dependendo do setor. No ano passado, o Paraná exportou US$ 7,1 bilhões, 25,5% mais que em 2002. O superávit de US$ 3,6 bilhões (54,8% maior que o do ano anterior) foi o terceiro melhor do País. Neste ano, o governo federal projeta mais de US$ 80 bilhões em exportações. (AE -OP)