As indústrias esmagadoras de soja voltaram a paralisar suas atividades, como reflexo da queda nos preços da matéria-prima e a conseqüente redução de oferta. Os agricultores recusam-se a vender, na expectativa de obter melhor remuneração. Os preços externos caíram 43,6% nos últimos quatro meses, depois que o governo americano divulgou previsão de supersafra naquele país, informa o boletim da Cocamar.
“Paramos três fábricas”, disse José Luís Glaser, diretor de negócios de soja da Cargill. As unidades de Ponta Grossa (PR), Mairinque (SP) e Barreiras (BA) da multinacional deixaram de operar pela falta de oferta e também por causa das margens negativas. A Cargill deixará de esmagar 60 mil toneladas durante dez dias. “Depois vamos observar o comportamento do mercado.” Embora a oferta de soja seja pequena, os cálculos são de que existam pelo menos 7 milhões de toneladas de soja que não foram negociadas.
Os agricultores estão capitalizados e relutam em vender nos patamares atuais, dificultando a indústria comprar para exportar. “Os preços estão mais caros do que a soja americana em aproximadamente US$ 10 por tonelada”, afirma.
Mas a Cargill não está sozinha. Segundo Renato Sayeg, diretor da Tetras Corretora, cerca de 50% das unidades de soja do País paralisaram há 20 dias. “Depois houve retomada, mas ainda é grande o número de empresas que estão sem operar.”
Segundo Sayeg, unidades da americana Archer Daniels Midland (ADM) e das cooperativas Comigo, Coamo, Cocamar e Carol também haviam paralisado o processamento nos últimos dias. “É a maior crise dos últimos dez anos no setor de esmagamento de soja”, afirmou Sayeg.
Em Chicago, os preços estão em US$ 5,82 o bushel (US$ 213,85 a tonelada), em relação a US$ 10,31 em maio (US$ 379,02 a tonelada).