O presidente da BR Distribuidora, José Andrade de Lima Neto, disse hoje que o problema de falta de gasolina em algumas regiões do País é pontual e não reflete a realidade nacional. “A Petrobras tem conseguido abastecer o mercado, seja com produção própria, seja com importações”, afirmou o executivo, em entrevista após proferir palestra sobre mercado de combustíveis na sede do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP).

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Nas últimas semanas, donos de postos têm reclamado de dificuldades para conseguir gasolina, principalmente devido ao aumento da demanda após a disparada dos preços do etanol. Lima calcula que o cenário de preços reduziu em 10 pontos porcentuais a participação do álcool hidratado no mercado, que chegou a 20% em janeiro. Parte dessa queda reflete a substituição pela gasolina, tendência que deve ser mantida em fevereiro, segundo avaliação preliminar da distribuidora.

Questionado se estava tendo dificuldades para comprar o derivado de petróleo, junto à Petrobras, Lima disse que a estatal vem mantendo o suprimento regular. Na semana passada, a empresa anunciou que estava importando 1,2 milhão de litros do combustível para atender ao aumento da demanda. “É normal ocorrer problemas pontuais de abastecimento por questões logísticas. Mas dessa vez a questão está mais sensível e ganha maior visibilidade”, argumentou o presidente da BR.

Lima, que já ocupou a Secretaria Executiva do Ministério de Minas e Energia (MME), defendeu a redução do porcentual de etanol na gasolina, em vigor desde o início do mês. Segundo ele, a medida tem como objetivo manter a confiança do consumidor no programa do etanol, que seria reduzida caso o produto faltasse nos postos. “O Brasil está vendendo o etanol como produto importante e não poderia deixar faltar no mercado interno”, disse.

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Concentração

Para o presidente da BR, a concentração no mercado de combustíveis, que se intensificou após as recente operação envolvendo Shell e Cosan, pode ser benéfica para o consumidor. “Distribuição de combustíveis é um negócio logístico e, como toda atividade desse tipo, depende de escala para conseguir custos competitivos”, explicou. Hoje, quase 80% do mercado estão nas mãos de três empresas: BR, Ultra e aquela que resultará do acordo Shell/Cosan.

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Ele considera positiva também a chegada de empresas estrangeiras para atuar na produção de etanol, situação que, na sua opinião, pode ajudar a “abrir caminhos” para o derivado da cana-de-açúcar no exterior. “Além disso, indica que a alternativa do etanol de segunda geração ainda está longe de ser concretizada”, concluiu o executivo.