Negócios

Falta de conhecimento impede maior intercâmbio com a China

Mesmo havendo um saldo positivo entre o que o Brasil vende e compra da China, algo em torno de US$ 5 bilhões, o país segue sendo apontado como inimigo número 1 de empresários daqui e de todo mundo. Para o consultor de negócios internacionais para o Extremo Oriente, Elias Antunes, que esteve nesta terça-feira (29) em um workshop promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em Curitiba, o maior obstáculo para a sobrevivência dos empresários nacionais é a falta de conhecimentos sobre o país asiático.

Prova disso que há 20 anos ele organiza missões de negócios para o país e, embora tenha crescido a procura, ainda é considerado baixo o interesse. “A cada dez empresários que participam de missões para a China, cem teriam condições de ir. Porém, na maioria dos casos, isso ainda é visto como uma despesa e não um investimento”, informa. Na avaliação de Antunes, a reação de repudiar o país, no lugar de entendê-lo, contribui ainda mais para o desinteresse em examinar as potencialidades de negócios que a China apresenta.

“É um mercado extraordinário, tanto que já é o nosso principal comprador e, mesmo ampliando sua participação aqui, ainda temos um saldo de US$ 5 bilhões entre exportações e importações para a China. Com os Estados Unidos, nosso segundo maior comprador, vendemos US$ 19 bilhões, mas compramos US$ 27 bilhões, e a preocupação com a concorrência norte-americana é bem menor”, pondera.

Antunes reconhece que a preocupação com o rápido e sólido crescimento chinês é de ordem mundial. “Eles se prepararam para o atual momento, investiram em infraestrutura e educação, ao contrário de nós e de muitos outros países, por isso conseguem ser mais eficientes na hora de produzir. E é essa uma das questões que deve rondar o empresário daqui e de qualquer país do mundo, como posso aprender com eles a produzir mais barato?”, orienta Antunes.

Segundo ele, nesse quesito já se verifica a falta de conhecimentos aprofundados sobre o tema.  “Muita gente ainda relaciona a competitividade dos produtos chineses à baixa remuneração dos trabalhadores, o que não é verdade. O salário se equipara aos padrões brasileiros e o poder de comprar dos assalariados chineses é maior. O que os torna competitivos é contarem com uma infraestrutura logística fantástica e terem desenvolvido ferramentas de gestão altamente eficientes para o controle do negócio”, aponta.

Outro mito que também é posto em xeque diz respeito à produção chinesa se limitar a manufaturas. “O maior exportador do mundo (comercializou US$ 1,5 trilhão em 2010) não poderia estar restrito a isso. Eles estão investindo pesado em tecnologia e, atualmente, 20% do que eles vendem para o mundo já possuem alto valor agregado, como celulares e artigos de informática”, destaca. O maior exportador mundial da atualidade, na década de 80 perdia para o Brasil no volume exportado. Enquanto, na média anual, a China vendia US$ 18 bilhões, o Brasil comercializava US$ 18 bilhões. Em 2010, as exportações brasileiras atingiram US$ 31 bilhões. “Diante do quadro, o Brasil deve focar na criação de grifes para os nossos produtos, assim como fez a Itália com a produção calçadista, por exemplo. E para isso, temos que conhecer muito bem o mercado chinês e todos os demais mercados com os quais queremos fazer negócios”.

Parceria

Desde 2005, o Centro Internacional de Negócios do Paraná (CIN) articula com a China meios de aproximar as empresas paranaenses das chinesas. Em agosto, uma missão de empresários da China virá para Curitiba a fim de consolidar parceiras comerciais. Também estarão no grupo empresários interessados em investir no Paraná.

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