O sistema meteorológico Simepar registrou chuvas abaixo da média na maior parte dos municípios do Paraná durante o mês de março, principalmente na região centro-oeste. Somente em algumas cidade do norte e do leste do Estado as precipitações foram consideradas normais. Mesmo nestes lugares, as chuvas foram irregulares, o que não é bom para a agricultura. Embora ainda não tenham sido registradas perdas significativas nas plantações do Paraná, os engenheiros agrônomos dizem que a situação é preocupante pois, caso não chova nos próximos dias, as lavouras de feijão (2.ª safra) e de milho safrinha podem ser afetadas pela seca. O trigo, que será plantado em abril, também poderá sofrer com a falta de chuva.
Em janeiro, segundo o Simepar, choveu muito (o normal é chover 400 milímetros, mas chegou a 850) em toda a região leste do Paraná (incluindo a capital e as praias) e cerca de 140 milímetros menos do que deveria, no noroeste e norte. Em fevereiro, a situação mudou um pouco: choveu bastante no norte (o normal é 140 milímetros, mas chegou este ano a 215), mas no centro e no sul ficou até 100 milímetros abaixo da média (a situação normal seria 75 milímetros). Duas situações prejudiciais para as lavouras, na opinião da meteorologista Sheila Paz. ?Quando fica muito tempo sem chover e acaba chovendo muito em um dia, é ruim para a agricultura. Pois desta foram a água escoa, não chega a ser absorvida pelo solo?, disse. E estes temporais podem até acabar com plantações. ?O ideal seriam chuvas mais distribuídas, e não irregulares, como tem ocorrido?, explicou.
O engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), Otmar Hubner, afirmou que a situação é preocupante, pois o milho safrinha já está todo plantado e foram colhidos apenas 18% do feijão 2.ª safra. ?A seca preocupa porque o restante do feijão vai ser colhido mês que vem. Mas a situação pode se reverter em poucos dias, pois a previsão é que comece a chover?, disse. Ele explicou que o excesso de chuvas no início do ano prejudicou algumas lavouras de feijão, mas com outras plantações isso não tem acontecido. ?Em Francisco Beltrão registramos algumas perdas de soja no último mês, mas as outras regiões compensaram. Então, na média, não tivemos perdas ainda?, afirmou.
Hubner explicou que não há como dizer qual seria a quantidade ideal de chuva para recuperar determinado cultivo, pois a situação também depende de outros fatores, como o calor e a umidade do ar, que podem afetar a agricultura. Ele lembrou ainda que o método do plantio direto (quando não remove a terra e forma-se uma cobertura que impede a evaporação e mantém o local mais úmido) ajuda em tempos de estiagem.
O trigo é plantado normalmente na região norte do Estado. O milho safrinha é cultivado no norte, oeste e sudoeste. Já as plantações de feijão são encontradas no sul, sudoeste e centro do Paraná.
A previsão do Simepar é de chuvas nos próximos dois dias no leste e região dos Campos Gerais do Paraná. Na próxima terça-feira deve chover no norte, oeste, Campos Gerais e região central do Estado. Mas segundo Sheila, as chuvas devem ser irregulares, pontuais, e tendem a se intensificar se houver temperaturas altas. ?O que não é o ideal para a agricultura. Os agricultores poderiam comemorar se as chuvas fossem melhor distribuídas?, lembrou.