Não há consenso, dentro do governo, sobre se o governo deve adotar logo medidas fortes para conter a desvalorização do dólar ou se deve aguardar uma melhor definição do cenário internacional. Algumas autoridades já mostram desconforto com a ação da equipe econômica no combate aos efeitos da valorização do real.
Uma das reclamações é com a falta de uma estratégia bem definida de médio e longo prazo para enfrentar o problema. A avaliação é de que o Brasil continuará sendo um mercado atrativo de recursos internacionais, portanto não adianta agir só no curto prazo.
Mas também cresce a inquietação com o custo para os cofres públicos da política de intervenção no mercado cambial e acumulação de reservas internacionais. Para esse grupo, não seria o momento de tomar mais medidas agressivas, num quadro de grande liquidez de recursos no mercado internacional e também incertezas que ainda não se dissiparam. O Brasil estaria “enxugando gelo” a um custo muito alto, com poucos resultados.
O melhor, para esse grupo, seria esperar o segundo semestre, quando se espera uma recuperação mais forte da economia dos Estados Unidos e, consequentemente, uma diminuição do fluxo de dólares para o Brasil. Essa ala também avalia que o dólar barato tem um lado positivo, pois ajuda a conter a inflação.
Por outro lado, há os que avaliam que o governo deve continuar com essa política mais agressiva de curto prazo. Se o governo não tivesse adotado as medidas, a dólar estaria numa cotação ainda mais baixa.
Uma das preocupações desse grupo é com a volatilidade excessiva da taxa de câmbio, o que prejudica os negócios. Mas há também o receio com a forte especulação no mercado cambial e as apostas elevadas de alta do real.
Há preocupação com o que pode acontecer com a cotação do dólar, quando os Estados Unidos começarem a elevar sua a sua taxa de juros. Num cenário de mudança rápida, empresas e bancos brasileiros que apostaram fortemente na queda do dólar e na valorização poderão ficar em situação difícil, no que já é chamado de “subprime do câmbio”. Desde que assumiu, o presidente do BC tem alertado para esse risco, advertindo que a taxa de câmbio não flutua só para um lado.