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O apagão que atingiu os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo no primeiro dia do ano foi provocado por uma falha humana. Essa foi a conclusão do Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico, presidido pela ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, que se reuniu ontem em Brasília para avaliar o problema. Após reunião de aproximadamente três horas com representantes de Furnas, do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) e da Aneel, a ministra fez questão de destacar que não há problemas estruturais de suprimento de energia no Rio de Janeiro.

"Não existe porque levar pânico à população", disse Dilma Rousseff, ao informar que o blecaute não foi provocado por falta de energia, como no caso do racionamento de 2001/2002, ou por "pouca robustez" do sistema.

O diretor-presidente do ONS, Mario Santos, endossou a avaliação da ministra ao afirmar que o blecaute foi uma ocorrência "absolutamente insólita". Isso porque a falha humana oconteceu, segundo ele, justamente na tentativa de corrigir uma falha técnica ocorrida no sistema de linhas de transmissão operado por Furnas.

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"Falha humana no setor elétrico não é pouco usual. Onde há humanos há falha humana", disse a ministra.

Ela explicou que o defeito técnico sozinho não teria provocado o apagão sem a intervenção do operador.

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Segundo o presidente de Furnas, José Pedro Rodrigues, intervenção humana na operação das linhas ocorreu justamente para tentar religar duas linhas de transmissão que foram desligadas automaticamente por defeito técnico do sistema de proteção.

Riscos

O professor Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobrás, afirmou ontem que o risco de novos apagões sempre vai existir, principalmente nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, que ficam na ponta do sistema interligado das regiões Sul e Sudeste. "Do ponto de vista técnico, não existe esta história de risco zero. Para chegar a esse ponto, o custo com manutenção e expansão da rede teria de ser infinito", disse.

Pinguelli avalia que a situação da rede brasileira de energia melhorou nos últimos anos, com a construção de novas linhas de transmissão, mas frisou que sempre haverá risco de novos problemas.

Como reflexo do ocorrido, as ações da Eletrobrás desabaram ontem no pregão da Bovespa, com queda acima de 4%. Para analistas, um dos motivos desse tombo é o blecaute no sábado em três estados do Sudeste (RJ, ES e MG), causado por uma falha em uma subestação de Furnas, subsidiária da estatal.

Angra 2 continua sem operação

São Paulo (AE) – A Eletronuclear, empresa do Grupo Eletrobrás que administra as usinas nucleares, não conseguiu retomar, no dia 30 de dezembro, a operação da central Angra 2, que estava paralisada desde 30 de novembro devido a problemas técnicos. Segundo informou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) em seu boletim diário da operação do sistema, Angra 2, que conta com uma capacidade de geração de 1.350 megawatts (MW), voltou a apresentar alta umidade no sistema de resfriamento da unidade geradora, obrigando os técnicos a desligarem novamente a central.

De acordo com informações da Eletronuclear, trata-se do mesmo defeito que havia interrompido a operação da central em novembro. O problema voltou a ocorrer quando a usina estava em um processo de elevação da produção de energia, segundo o ONS. A Eletronuclear ressalta que o gerador elétrico, área em que está ocorrendo o problema, não apresenta uma interface com a área nuclear da usina, informando também que não foi definido ainda um prazo para o reinício das operações da usina, considerada essencial para atender ao sistema elétrico no Rio de Janeiro.

A usina Angra I, que foi desligada durante o apagão que deixou, no sábado, os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo sem energia por uma hora e meia, ainda não retomou os níveis normais de operação.