O número de empresas que tiveram a falência decretada atingiu em setembro o maior patamar do ano, contrariando a tese de arrefecimento dos impactos da crise financeira mundial. O Indicador de Falências e Recuperações, divulgado hoje pela Serasa Experian, mostra que no mês passado 89 empresas fecharam oficialmente as portas, uma alta de 32,8% sobre as falências decretadas em agosto (67). O resultado é o maior desde setembro de 2008, quando a crise mundial se agravou, e quando foram contabilizadas 92 falências. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, o levantamento verificou que 627 negócios fecharam oficialmente as portas em todo o País.
Os técnicos da Serasa atribuem o recorde à dificuldade dos micro e pequenos negócios em se reabilitarem dos impactos da crise. A categoria representa 96,6% do total de empresas que faliram em setembro, 86 das 89, e 92,5% do montante registrado no acumulado de janeiro a setembro, 580 das 627. “O crédito ainda escasso para as micro e pequenas empresas emperra a sua recuperação dos desdobramentos da crise”, explicam os analistas. Eles ainda ressaltam que o crescimento das falências deve-se também à concessão de pedidos acumulados desde o final do primeiro semestre.
O volume de falências requeridas, por sua vez, foi de 200 solicitações em setembro, um recuo de 4,8% ante agosto (216). Do total, 127 foram feitas por micros e pequenas empresas (63,5%). A queda dos pedidos caminha em trajetória descendente desde o início de maio, quando foram impetrados 255 requerimentos, contra 262 em abril deste ano. Os analistas da Serasa avaliam que o resultado acompanha o processo de recuperação econômica e a volta do crédito às empresas.
Os pedidos de falência recuaram também na variação anual. Houve 2,4% de queda em setembro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Já na variação entre os acumulados de janeiro a setembro de 2008 e 2009, as falências requeridas cresceram 5% e as decretadas caíram 16,2%. Os técnicos da Serasa atribuem o desempenho às dificuldades financeiras encontradas pelas empresas para minimizar as falências, valendo-se da prerrogativa da recuperação judicial.
Recuperações
Quanto às recuperações judiciais requeridas, houve um crescimento de 12,8% na variação mensal, passando de 47 em agosto, para 53 em setembro. Novamente, as micro e pequenas empresas têm participação bastante expressiva no total de pedidos, com 31 requerimentos no mês passado, o que resultou em 58,5% do total.
Para os próximos meses, a expectativa dos especialistas da Serasa é de que as estatísticas de falências e recuperações apresentem volumes menores, principalmente no último trimestre deste ano, em decorrência dos sinais de recuperação da economia do País.