A tradicional rede de farmácias Drogamed fechou as suas lojas. A empresa estava em processo falimentar devido a dívidas, o que impossibilitou a continuidade do negócio. Com a dissolução da rede, cerca de 600 funcionários ficam sem emprego e o anúncio curiosamente coincidiu com o Dia do Trabalho, comemorado nesta quinta-feira (1).
Os funcionários vão aguardar em casa o aviso para acerto de contas e liberação do FGTS, conforme foi definido numa reunião realizada na noite de quarta-feira (30). O encerramento das atividades está previsto para os próximos 15 dias e a reabertura depende das negociações dos atuais donos com grupos interessados na compra da rede.
Pioneira no conceito ?drugstore? (farmácias que vendem além de remédios, sorvetes, salgados, chocolates e afins), a Drogamed acabou engolida pela sua própria estratégia. Outras redes que copiaram a iniciativa expandiram os negócios e hoje dominam o segmento.
Estas empresas passaram a ditar uma nova ordem no mercado, através de descontos em preços de remédios, o que impôs grandes dificuldades para concorrentes. Como resultado deste processo, a Drogamed acumulou dívidas em torno de R$ 3 milhões, o que gerou até arresto de bens em 2007, por parte da Distribuidora Santa Cruz, a maior credora. Para evitar o arresto, a Drogamed teve que fechar as unidades em junho do ano passado, colocando uma placa ?Fechado para balanço?.
Patrimônio dilapidado
O processo foi desgastante para a rede. A Justiça interpretou que a apresentação de duplicatas vencidas, inúmeras ações judiciais e provas de que a rede de farmácias estaria dilapidando seu patrimônio, seria uma ?evidente tentativa de furtar-se ao cumprimento das obrigações que assumiu?, e que fossem ?imediatamente arrestados os bens (…) até o quanto bastar à satisfação integral do crédito?, diz o despacho do juiz Marcelo Augusto, da 2.ª Vara Cível, proferido à época.
As repentinas mudanças de cultura empresarial também tiveram a sua parcela de culpa no processo que culminou com o fechamento da empresa. Em 2004, a rede passou a ser controlada pelo grupo chileno Farmácias Ahumada S/A (Fasa) e AIG. O acúmulo de dívidas forçou a venda do negócio, que passou a ser controlado pelo peruano Hugo Rodríguez, em 2006.
Atualmente, a Drogamed possui 76 lojas no Paraná. Uma delas, no Água Verde, fechou as portas na semana passada. Nos bons tempos, em 2001, a rede chegou a integrar 100 lojas e 1,9 mil funcionários.
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